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Enviada em: 31/07/2017

Ao longo de uma década de exibição, a comédia televisiva “A Grande Família” da Rede Globo tratou situações peculiares de um grupo parental mononuclear suburbano, considerado padrão nacional. Contudo, diferentemente do que ocorre na ficção, a realidade brasileira apresenta uma elevada diversidade na tipificação de núcleos familiares, sendo essencial a garantia de legitimidade a esses conjuntos. Dessa maneira, uma ampla discussão acerca dos fatores históricos e econômicos envolvidos nessa problemática é importante para o bem-estar da população.        O objetivo de um agrupamento social é, através da perspectiva Aristotélica, o bem comum. Entretanto, a definição desse propósito geral modifica-se ao longo do tempo, uma vez que as demandas individuais decorrem do contexto em que se vive. Por conseguinte, relações, tais como a família, não podem adequar-se atualmente a um modelo consolidado pela influência, durante o medievo, do meio rural e ideologia cristã. Isso se deve, principalmente, a eventos do final do século XX, entre eles o fortalecimento da luta pelos direitos dos homossexuais. Essa busca por representatividade gerou nessas minorias o desejo de estabelecer uniões reconhecidas pela coletividade. É possível ilustrar essa conjuntura por meio das grandes taxas de crescimento do casamento gay no Brasil, superando 15% no período entre 2014 e 2015, de acordo com o IBGE.       Outrossim, vale ressaltar que com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, houve mudança no âmbito domiciliar. Essa transformação fez com que ocorresse a priorização da ascensão profissional em detrimento do matrimônio. Em vista disso, o traço afetivo passou a ser mais importante para atestar a existência de uma família do que a organização conjugal entre homem e mulher. Tal afirmação é constatada através da situação de inúmeros pais e mães solteiros, constituindo de sua própria maneira uma célula sentimental saudável. Pode-se comprovar essa realidade através do aumento nos números de laços de parentesco, de 11 para 19, nos censos demográficos de 2000 e 2010, respectivamente.        É necessário, então, que o Ministério da Educação inclua, na grade curricular obrigatória do Ensino Médio, o estudo acerca da gênese do agrupamento familiar brasileiro e sua diversidade, possibilitando o desenvolvimento do respeito às várias estruturas parentais existentes. Para mais, é fundamental a criação de campanhas publicitárias, pelo Poder Público, para divulgar o cotidiano de famílias com múltiplas formações, dissociando os grupos divergentes de uma visão preconceituosa, por parte dos habitantes. Isto posto, é possível cultivar a aceitação à pluralidade nacional na questão familiar.