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Enviada em: 05/08/2017

Família: um conceito sob a óptica hodierna       Desde o limiar do século XIX, com a chegada oficial da corte portuguesa ao Brasil, cultivou-se um conceito obsoleto de família. Assim, a caracterização de uma ideia, demasiadamente polissêmica, por meio de uma lógica excludente, se perpetuou com o tempo. Todavia, percebe-se, na pós-modernidade, que o problema persiste intrinsecamente ligado à realidade brasileira, seja pela insuficiência das leis, seja pela dificuldade de se alterar uma ação tradicional.        É incontrovertível que a questão constitucional, bem como a sua aplicação estejam entre as causas do impasse. Segundo Saint-John Perse, a democracia, mais do que qualquer outro regime político, exige o exercício da autoridade, de modo a se consolidar o bem comum. Nesse contexto, percebe-se que a definição de família de forma simplória, como ‘’uma união entre um homem e uma mulher’’ vai de encontro à tese do sociólogo, haja vista que, atualmente, existem relações constituídas por casais homoafetivos, avós, ou por apenas um responsável e seus filhos. Contudo, por tangenciarem a regra, esses acabam sendo subjugados e tendo sua imagem denigrida.      Outrossim, é notório que a problemática está longe de ser resolvida. Conforme Emille Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e pensar dotada de generalidade, exterioridade e coercitividade. De maneira análoga, é possível encaixar a visão mononucleada de família na teoria do sociólogo, tendo em vista, que se uma criança é ensinada por seus pais, desde a infância, a analisar o mundo sob essa óptica tradicional, tende a adotá-la também. Nesse sentido, a expansão desses costumes ortodoxos contribui para perpetuar a questão.       Destarte, é evidente que medidas são necessárias para mitigar o impasse. O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, deverá instituir, nas escolas, palestras ministradas por psicólogos e especialistas no assunto que possibilitem, às crianças e aos adolescentes, por meio da reflexão, uma mudança de mentalidade social. Ademais, o Legislativo deverá ampliar a definição de família vigente na lei, de modo a torná-lo mais acolhedor e benéfico à realidade da sociedade. Por fim, a atuação de lexicógrafos é indispensável, já que esses contribuem, diretamente, para a transformação do conceito de família nos dicionários e, consequentemente, na expansão desse pelos meios educativos.