Enviada em: 11/08/2017

No ano de 2016, o dicionário de língua portuguesa Houassis redefiniu o conceito de família como um núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos,que geralmente compartilham o mesmo espaço e mantém entre si uma relação solidária. Tal ressignificação lexical é o resultado de uma alteração na composição familiar ao longo do século XXI, passando de um conceito patriarcal,composto por um homem que é responsável pela família, para um novo, que engloba as diversas reorganizações dessa nos dias atuais.       No Brasil, a conquista de direitos civis, como o direito ao divórcio e o casamento entre pessoas de mesmo sexo, fomentou o reconhecimento de novos núcleos familiares, que apesar de existirem nos séculos passados, eram uma minoria e execrados por boa parcela da população por não se tratarem de uma conformação tradicional,ou seja, uma família composta por um homem e uma mulher legalmente casados e com filhos, que foram gerados daquela união. Dessa maneira, outras formas de laços afetivos eram um tabu para a sociedade da época e, nessa analogia, é possível inferir que o reconhecimento de novos núcleos se deu de maneira lenta e gradativa e ainda pode ser visto como algo ruim para a parcela mais conservadora da sociedade.       De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2010, cerca de 50% da população entrevistada se organizava de forma não tradicional, o que demonstra não só a diversificação da família brasileira, mas também que alterações, como a lexical já anteriormente mencionada, são necessárias para que os novos conceitos de família sejam reconhecidos socialmente. Entretanto, apesar de o número de núcleos não tradicionais ter aumentado,no ano de 2015 a Câmara dos deputados aprovou o Estatuto da Família, uma proposta conservadora que reconhecia como família apenas os núcleos formados a partir da união entre um homem e uma mulher e que,por consequência,excluiria boa parte da população brasileira desse conceito.       Infere-se, portanto, que apesar de a concepção familiar ter se alterado ao longo do século XXI, esta ainda sofre críticas e,em alguns casos, tentativas de deslegitimação por uma fração conservadora da sociedade. Logo, para que haja a valorização dos novos núcleos, medidas que flexibilizam o conceito de família,como a do dicionário Houassis, devem ser estimuladas pelo Ministério da Educação. Além disso, os canais de televisão aberta devem veicular propagandas que exaltem as diversas organizações familiares e estimulem o respeito ao diferente, o que deverá diminuir os pensamentos conservadores que visam a desqualificar os novos lares,como os monoparentais e os que são compostos por  casais homossexuais.