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Enviada em: 22/08/2017

Ao descortinar o século XXI, a contemporaneidade, marcada pelo viés democrático e globalizado, permitiu a afirmação das liberdades individuais postas na Constituição Federal de 1988 e a remodelação dos parâmetros nas relações interpessoais que compõem um grupo familiar. No entanto, mesmo com tantos avanços, avista-se ainda a sustentação pela população de uma cultura conservadora com critérios sem bases científicas, configurando-se um problema social.             Em primeira análise, é válido ressaltar os efeitos que influenciam na adaptação aos formatos de família no presente. A esse respeito, relacionam-se as transformações que permitiram maior flexibilidade para os divórcios e recasamentos, a facilitação dos processos de adoção por indivíduos solteiros, além da conquista de espaço das uniões homoafetivas. Isso constata-se em uma realidade extremamente influenciada por laços preconceituosos e arcaicos, em que a manutenção dos padrões impostos pela tradição afasta-se dos avanços propostos pela modernidade, refletindo o pensamento do filósofo iluminista Rousseau, em que o homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado.             Na esteira do processo de resistência à normatização dos formatos de família, alude-se ao conservadorismo advindo do âmbito social e político. Isso porque, uma parcela da população, dotada de aparato preconceituoso, aliada a políticos e instituições, somam empecilhos às famílias modernas. Como exemplo, destaca-se a imobilidade administrativa no processo de legalização do casamento civil entre homossexuais. Destarte, o conceito de família idealizado no amor e na união como princípios fundamentais e suficientes, torna-se, sob a ótica dominante, um símbolo de irregularidade e deformação social. Em corolário a isso, fortalece-se a intolerância nos diferentes âmbitos da sociedade e suscita-se a exclusão social dos grupos fora dos padrões.              Torna-se evidente, portanto, a importância da adaptação ao conceito de família do século XXI. Sendo assim, é primordial que as responsabilidades sejam compartilhadas entre os segmentos do Poder Público, escolas e mídia social. O governo deve propor medidas de ampliação dos direitos para os homossexuais, como o casamento e a adoção. Ademais, é imprescindível que as escolas mobilizem ações em prol da mudança de comportamentos por meio de palestras educativas envolvendo alunos e as famílias e debates críticos em salas de aulas com a análise das conjunturas e a adoção do respeito. Como complemento, a mídia deve suscitar o rompimento ideológico com os padrões e preconceitos por meio da dialética, propagandas e engajamento ficcional em novelas e seriados. A articulação dessa pluralidade é impreterível, pois como disse a escritora Helen Keller, o resultado mais sublime da educação é a tolerância.