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Enviada em: 15/09/2017

"Tenho irmãos, pai, mas não tenho mãe. Quem não tem mãe, não tem família.", disse Platão, há mais ou menos 400 anos a.C. Na contemporaneidade, entretanto, a fala do filósofo, que se baseou na concepção institucionalizada de família, composta necessariamente por pai, mãe e filhos, está errada. Hoje, entende-se como família qualquer agrupamento de pessoas que possuem ancestrais em comum e/ou relações de afeto. Nesse sentido, mães e pais solteiros, casais homoafetivos, famílias constituídas por filhos adotivos, famílias em processo de divórcio, famílias reconstruídas, famílias de avós e netos, famílias tradicionais, todas devem ser reconhecidas constitucionalmente e socialmente como famílias brasileiras.    A exemplo disso, o IBGE tem acompanhado as mudanças da família brasileira, e registrou que existem 28.737 lares modernos a mais do que os de formação clássica. Além disso, a pesquisa apontou que 10.197 famílias são formadas por mães e pais solteiros e que há mais de 60 mil lares formados por homossexuais.    Entretanto, apesar do número crescente das formas não convencionais de família, a forma tradicional (pai, mãe e filhos) continua institucionalizada. Isso gera preconceito social e político, tendo em vista que crianças e adolescentes que pertencem às novas formações familiares são vítimas de bullying e exclusão nas escolas, instituição que deve reverter este quadro por meio da apresentação da diversidade familiar aos alunos, promovendo assim a inclusão dos diferentes e conscientização de todos.    Por fim, o Estado não age de forma democrática perante a diversidade familiar, como por exemplo a Lei Maria da Penha, que só ampara mulheres que foram agredidas e ameaçadas pelos maridos. Portanto, leis e delegacias de proteção a toda e qualquer forma de família devem ser criadas para que todo cidadão, convencional ou não, seja incluído de fato na constituição e democracia brasileiras.