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Enviada em: 21/09/2017

Conforme defendeu Friedrich Hegel, a história é dinâmica, e as verdades as acompanha. Ao seguir essa linha de pensamento, é factível afirmar que o momento histórico atual contradiz a filosofia hegeliana, tendo em vista a perpetuação da padronização de família mononuclear mesmo após séculos da construção deste rótulo - o que suscita a ilegitimidade de outros modelos familiares no país. Logo, é preciso modificar este cenário que acarreta problemáticas sociais.     A falta de reconhecimento da pluralidade de modelos de família possui motivações históricas. Na Idade Média, a sociedade era claramente influenciada pela Igreja Católica, a qual estereotipou o paradigma aceitável de relação, aquele formado por homem e mulher. Desde então, essa padronização tornou-se como a "correta", corroborando uma situação desencadeadora de preconceitos às outras referências familiares. Por conseguinte, a carência de legitimidade pelas instituições monoparentais, poliafetivas, entre outras, configurou não só uma inconformidade com a igualdade constitucional, como também uma discriminação social - retratada, por exemplo, em práticas de bullying nas escolas por indivíduos filhos de pais homossexuais.     Ademais, é necessário salientar a forma como a sociedade e o Estado se posicionam diante à tentativa de desmistificar esta padronização. Em um viés social, de forma indireta, pode-se destacar os movimentos LGBT, os quais prezam a aceitabilidade da união homossexual como uma das plurais formas de relacionamento; os movimentos feministas, por sua vez, visam à ruptura de uma sociedade patriarcal - ou seja, harmonizam-se, por exemplo, com o modelo monoparental em que há apenas a mãe e os filhos. Em âmbito político, por mais que tenha sido criado o Estatuto da Família e que seja colocado em debates este dilema social, a morosidade do reconhecimento de outras referências familiares se justifica por muitos dissensos e pouca imposição de resoluções. Neste contexto, pode-se reafirmar a necessidade de validar o novo conceito de família no século XXI.     Torna-se premente, portanto, mediações para haver esta validação na sociedade brasileira. Para tal fim, o Ministério da Educação deve adotar o modelo de "escola cidadã" - proposta por Paulo Freire - abrindo debates nas aulas de Sociologia e realizando palestras sobre a diversidade de paradigmas familiares, no intuito de romper com o estereótipo existente. Outrossim, o Congresso deve aprovar uma lei, elaborada pelo Executivo, que legitime as instituições formadas por motivações baseadas no afeto, sejam elas, por exemplo, pluriparentais ou informais, para cumprir a igualdade prevista na lei e tornar possível, gradualmente, a harmonização do mundo contemporâneo com a transitoriedade da verdade defendida na filosofia hegeliana.