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Enviada em: 22/10/2017

Segundo Rui Barbosa, "a família é a célula mater da sociedade". Nesse sentido, é inegável que o retrato da família brasileira distanciou-se do padrão tradicional, abarcando núcleos formados por homossexuais, mães solteiras, filhos biológicos e adotados, entre outras muitas configurações. Porém, apesar dos importantes direitos civis alcançados por esses novos agrupamentos, ainda há muitos impasses a serem superados.     Primordialmente, é mister ressaltar as raízes do advento das novas configurações familiares. A Lei do Divórcio, a criação do instituto da união estável e o recente reconhecimento da união de casais homossexuais foram determinantes para o panorama atual, sendo também indicativos dos avanços em termos de tolerância alcançados em terras tupiniquins. Segundo a psicanalista e pedagoga Cristina Silveira, as crianças mais novas reagem bem aos colegas que possuem famílias distintas, evidenciando a benéfica naturalização dos núcleos plurais.   Entretanto, não obstante as gerações mais novas surjam com pensamentos mais críticos, o conservadorismo e o preconceito estão cristalizados na estrutura social. Prova disso é o projeto de lei Estatuto da Família, o qual objetiva reconhecer apenas formações constituídas por um homem e uma mulher, retrocedendo os avanços conquistados. Ademais, tal iniciativa por parte dos parlamentares dá fôlego a manifestações odiosas, principalmente à população LGBT, seja na forma de violência moral, como também física.      Portanto, medidas são necessárias para a resolução da problemática. A mídia deve veicular, com subsídio estatal, campanhas que incentivem a tolerância aos novos formatos familiares, de modo a evitar intolerâncias contraproducentes. Ademais, as escolas podem estimular o convívio com o diferente, por meio da realização de palestras e debates, por exemplo. Somente assim, as garantias positivadas pelas leis sairão do aspecto formal, e será possível acabar com a derrota que, segundo Sartre, é o que a violência é de qualquer forma que se manifeste.