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Enviada em: 07/10/2017

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a noção de modelo familiar tradicional é antiquada. De acordo com o Censo 2010, o Brasil abarca cerca de dezenove laços de parentesco diferentes, mas o senso comum insiste em estereotipar como ideal a organização com pais de sexos opostos e filhos. Mediante tamanho embate, é necessário que se desenvolva medidas que lutem pela visibilidade de tais minorias como representantes da concepção brasileira de família.       De acordo com o pensamento do filósofo grego Heráclito de Éfeso, as mudanças sociais são de extrema importância, pois graças a elas o mundo pode evoluir continuamente. No entanto, conforme o passar do tempo alguns indivíduos acabam se apegando a valores de uma certa época, tendendo a repudiar quaisquer práticas que destoem desse modelo. Essa desaprovação em detrimento de um conservadorismo infundamentado se manifesta de forma preconceituosa, podendo resultar até mesmo em agressão física ou verbal. O site Carta Educacional registrou entrevistas que retratam o preconceito sofrido por crianças com pais homoafetivos. Os agressores, de mesma idade, utilizam o termo "gay" como forma de ofensa. Dessa forma, os alunos, ainda em desenvolvimento, crescem achando que sua família é desestruturada devido ao pensamento retrógrado de muitos indivíduos.        Somado ao preconceito dos grupos sociais, há também o eixo político brasileiro que corrobora com tais pensamentos. A Câmara dos Deputados, por exemplo, recentemente trouxe à tona a necessidade de implantar o "Estatuto da Família" que legitima apenas a união entre homem e mulher. Segundo dados de uma enquete feita no portal da Câmara, 53% das pessoas que votaram concordam com essa definição, explicitando a ideia de que a população ainda não consegue aceitar as diferenças existentes. Glauber Braga, deputado federal, se posicionou contra o estabelecimento do estatuto, classificando-o como "discriminatório e preconceituoso", tendo em vista a quantidade de cidadãos que serão excluídos por não se encaixarem no conceito de família aprovado.         A partir de tudo isso, fica evidente a necessidade de discutir ainda mais a questão da representatividade da instituição familiar. Começando pelo meio pedagógico, a escola deve promover práticas que quebrem o paradigma de modelo familiar ideal, promovendo debates para que os alunos possam encarar as diferenças como algo natural. O governo, por meio do poder legislativo, deve voltar o desenvolvimento de leis para lutar contra casos de intolerância, devendo evitar a instituição de projetos que sejam minimamente excludentes. Com a aplicação de tais meios, espera-se que o preconceito originado pelo senso comum possa ser, aos poucos, esmaecido da sociedade.