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Enviada em: 11/10/2017

"Nada é permanente, exceto a mudança." A conhecida frase atribuída ao filósofo pré- socrático Heráclito de Éfeso ilustra bem o caráter dinâmico do mundo e da sociedade. Nessa perspectiva de constante mutação, conceitos antigos ganham novos enfoques, como o que vem acontecendo com a família. No entanto, as hodiernas configurações sociais nem sempre são rapidamente absorvidas por todos, o que desencadeia certos conflitos e até mesmo discriminações, pondo em risco os princípios constitucionais de liberdade, igualdade e dignidade. Destarte, ações conjuntas entre escolas, Poder Judiciário e meios de comunicação são imprescindíveis para garantir que os passos evolutivos dados pela sociedade sejam protegidos e respeitados.        O sociólogo Karl Marx, em sua teoria conhecida como materialismo histórico, argumenta que os processos de mudança social são determinados pela realidade material dos indivíduos. Nesse sentido, pode-se afirmar que tal teoria é corroborada por fenômenos como a transferência da mulher do ambiente exclusivamente doméstico para o mercado de trabalho, buscando, dentre outros fins, sua independência financeira e seu poder de compra. Essa inovação social acarretou grandes mudanças na configuração familiar, como a redução na taxa de fecundidade e o aumento do número de mulheres chefes de família, confirmadas pelo Censo de 2010.       Outro fator que demonstra o caráter dinâmico do conceito de família é a ampliação dos diversos modelos de arranjos familiares. Se no século XIX definia-se família por sua configuração nuclear tradicional, hoje o próprio Direito reconhece e protege as diversas conformações, como as monoparentais, ampliadas, recompostas e homossexuais. Entretanto, o que se observa na prática é que alguns desses arranjos, em especial o composto por casais homoafetivos, ainda sofrem ampla discriminação por grupos sociais conservadores.        O conceito de família no século XXI é, portanto, temática merecedora de ampliação de perspectivas que privilegiem a afetividade como fundamento basilar das configurações familiares. Para tanto, as escolas, por meio de oficinas e eventos como a "Semana das famílias," deve oportunizar o conhecimento sobre os diversos arranjos familiares, promovendo, assim, a integração e o respeito às pluralidades. Ao Poder Judiciário, cabe o papel de garantir que os princípios constitucionais sejam conhecidos e obedecidos. Para isso, faz-se interessante a parceria com meios de comunicação, no intuito de promover e divulgar campanhas que apontem o afeto e o respeito como únicos componentes essenciais para a formação de uma família. Afinal, evoluir socialmente implica mudar paradigmas.