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Enviada em: 19/10/2017

O filme "Os meus, os seus, os nossos" apresenta a história de dois divorciados que superam, de forma humorísticas, os empecilhos de construir uma família fora dos padrões. No entanto, esse cenário não é exclusivo dos cinemas, porque hodiernamente a padronização do conceito de família é muito excludente tanto constitucional quanto socialmente. Dessa forma, faz-se necessária a intervenção estatal em prol da igualdade de direitos e oportunidades de formar um núcleo familiar.            Em primeira análise, segundo o antropólogo Bourdieu, os costumes de uma sociedade advêm de um habitus, imposições culturais tão intrínsecas que se tornam parte do pensamento individual. Nesse sentido, pode-se dizer que a ideia de família como casal heterossexual com filhos não adotivos é uma construção social muito excludente, que deve ser combatida a longo prazo. Ademais, é inegável que outros padrões familiares bastante comuns no Brasil, como casais homossexuais, divorciados e filhos adotivos, devem estar em igualdade com aqueles formados pelo habitus, pois possuem capacidades equivalentes de relação social íntima. Portanto, é fundamental que o preconceito contra os novos modelos familiares seja combatido, com a quebra de uma cultura demasiadamente regressista.          Outrossim, conforme o filósofo Aristóteles, "o homem é um animal político", ou seja, as decisões políticas são consequências diretas da cultura e da ideologia da população. Assim, é possível afirmar que a constituição atual, que exclui a possibilidade de certos grupos de formarem uma família, é resultado de uma sociedade que preza pela discriminação social. Além disso, apesar dos novos conceitos família extravasarem a reprodução e a geração de filhos, ainda possuem extrema importância para a formação social brasileira, assim como um núcleo familiar clássico. Por conseguinte, faz-se primordial que a constituição seja convergente à inclusão, por meio da reestruturação dessa.           Logo, a persistência do conceito segregacionista de família é consequência de uma formação sociocultura retrógrada e de uma constituição que é divergente aos valores igualitários. Para que esse problema seja atenuado, o Ministério da Educação deve aproximar os futuros cidadãos dos novos padrões familiares, por intermédio da distribuição de cartilhas nas escolas, de forma que crie uma inclinação desses para a adoção de uma formulação que favoreça a integração social. Também, é incumbência dos canais de TV sensibilizar a população sobre a existência de famílias que não são reconhecidas como tal, a partir de propagandas apelativas, com o fito de criar um sociedade mais tolerante, em concordância com a igualdade prevista pelos direitos humanos. Por último, o sistema judiciário deve adaptar a constituição vigente para o novo conceito de família, mediante emendas impulsionadas por plebiscitos, a fim de que essa colabore para uma sociedade mais progressista.