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Enviada em: 18/10/2017

"Época triste a nossa, em que é mais fácil quebrar um preconceito do que um átomo". A frase de Albert Einstein é antiga, porém continua válida para o século XXI, fato comprovado pelas frequentes demonstrações de intolerância contra famílias que fogem ao padrão tradicional. Nesse contexto, apesar dos importantes avanços em relação ao conceito de família, o preconceito em relação as famílias não convencionais persiste enraizado na sociedade, seja pelo individualismo exacerbado, seja pela lenta mudança de mentalidade social.    É indubitável que a dificuldade de se colocar no lugar do outro esteja entre as causas do problema. Na obra "Modernidade Líquida", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman defende que o individualismo é uma das principais características - e o maior conflito - da pós-modernidade. Diante de tal cenário, uma parcela da população tende a ser incapaz de tolerar diferenças, exigindo que as outras famílias sejam da mesma forma que a sua. Por conseguinte, esse grupo é intolerante àquelas famílias que divergem do modelo tradicional, como as que são fruto de uma relação homoafetiva, de poliamor ou as que possuem apenas um pai.     Outrossim, destaca-se a persistência de uma mentalidade retrógrada como impulsionadora da problemática. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, é possível perceber que a prática do preconceito contra famílias que fogem ao padrão estabelecido se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se um adolescente cresce em um meio social onde esse comportamento é predominante, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento que a família tradicional é a única correta, transmitido de geração a geração, funciona como base forte do problema.    Torna-se claro, portanto, que o preconceito em relação a famílias não convencionais deve ser enfrentado. Nesse sentido, cabe ao Ministério Público promover as ações judiciais pertinentes contra atitudes individualistas ofensivas à diversidade de famílias. Aos cidadãos, por sua vez, compete repudiar a inferiorização dos modelos alternativos de família, por meio de debates nas mídias sociais capazes de desconstruir a prevalência do modelo tradicional. Destarte, assim como a desintegração de um átomo tonou-se simples na atualidade, preconceitos poderão ser quebrados.