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Enviada em: 06/11/2017

Em “Uma família”, obra do pintor Fernando Botero, de 1982, é exposta à imagem de um homem, uma mulher e seus filhos, caracterizando uma figura familiar tradicional. Contudo, no Brasil contemporâneo esse quadro ganha outros elementos e cores com as novas configurações do seio familiar do século XXI. No entanto, esse novo conceito ainda enfrenta graves problemas de entendimento e concepção, devido à intolerância e a manutenção de preconceitos. Diante disso, tornam-se passíveis de discussão os desafios enfrentados, hoje, no que tange à questão do novo conceito de família.   Em primeiro plano, Durkheim afirma que a sociedade é um corpo biológico, interdependente entre si e atitudes odiosas e preconceituosas interferem na coesão e harmonia do corpo social. Não raro, casos de intolerância relacionados às novas formas de uniões são veiculados na mídia. Tal como o filme “Jogo de Imitações”, no qual uma das temáticas é a negação da compreensão da legitimidade da relação entre homossexuais, evidenciado na história do matemático Alan Turing . Além disso, as redes sociais estão impregnadas de mensagens e discursos de ódio com a nova multiplicidade de amores. Dessa forma, os princípios de dignidade e respeito instituídos pela Constituição brasileira são infringidos e quebrados.    Outrossim, no dizer de Aristóteles, o homem é um ser social e inclinado a estabelecer laços afetivos e uniões familiares, construindo assim a base da sociedade. No entanto, essa imagem de família está fortemente associada a um homem e mulher. Sob esse viés, o antigo quadro familiar contribui para a manutenção de preconceitos com os novos elementos e dificulta a coexistência com os moldes heterossexuais. Em defesa dessa assertiva, vale destacar o episódio ocorrido em 2015, relacionado ao boicote contra a empresa “O Boticário” após fazer um comercial com casais homossexuais.  Portanto, medidas são necessárias para solucionar a atual realidade. Segundo Paulo Frei, a educação é essencial para a transformação da sociedade. Logo, o governo juntamente com a mídia e a sociedade devem promover ações para a alteração da situação atual. Para isso, o Ministério da Educação em conjunto com as escolas devem promover debates sobre a problemática, através de palestras, aulas, discussões sobre a nova conformação familiar. Ademais, o Poder Legislativo deve criar leis que tipifiquem atos de intolerância e preconceito como crimes, e as corporativas responsáveis pelas redes sociais devem criar mecanismos de identificação de postagens com conteúdos odiosos e retirá-las de circulação. Por conseguinte, a sociedade deve repudiar atos preconceituosos e promover manifestações e passeatas em prol da nova configuração familiar. E assim, poder-se-á garantir o os princípios da Constituição e construir um Brasil mais tolerante às novas cores do seio familiar.