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Enviada em: 27/11/2017

Desde a Antiguidade Clássica, filósofos como Platão e Aristóteles já discorriam acerca da importância da família dentro do contexto social. Contemporaneamente, embora a família continue a desempenhar sua função, sobretudo, no apoio à formação dos futuros cidadãos, é indubitável que seu antigo conceito, alicerçado na heteronormatividade e na figura masculina como chefe do lar, faz parte do passado sexista e patriarcal. Nesse contexto, urge analisar a importância das novas organizações familiares para a superação de preconceitos e ideologias dentro do Estado Democrático de Direito.      É fundamental pontuar, de início, segundo dados do Estatuto da Família, o panorama atual das famílias brasileiras. Conforme revela o Estatuto, no Brasil, já são menos de 50% das uniões familiares que se encaixam no padrão tradicional. Destarte, esse novo momento se destaca pela efetivação de modelos que há pouco eram considerados perversos e anormais, como os formados por pessoas do mesmo sexo, as chamadas famílias homoafetivas, bem como as que possuem a mulher como chefe do lar que , dentro da lógica patriarcal, fora duramente criticada. Logo, é imprescindível destacar a importância dessas mudanças para a ampliação da cidadania.     O fato do conceito de família passar a ser alvo de discussão nas últimas décadas serviu para encorajar movimentos feministas e a mulher passou a ser protagonista, de forma efetiva, de sua história pelas diversas lutas sociais-com objetivo à ascensão de uma sociedade mais tolerante e democrática. Outrossim, foi por meio desse contexto de mudanças relacionadas aos padrões familiares que os movimentos homoafetivos alçaram a voz em prol do reconhecimento como parte integrante da sociedade, os quais, dentro do Estado de Direito, puderam alcançar objetivos, como a legalização, pelo Supremo Tribunal Federal, do casamento entre indivíduos do mesmo sexo, isto é, a efetivação da liberdade de orientação e identidade sexual.     Levando em consideração os aspectos supracitados, medidas devem ser tomadas para que os novos padrões familiares sejam aceitos e reconhecidos. Para tanto, é preciso que o Governo Federal invista em campanhas midiáticas voltadas à conscientização da população acerca da realidade das novas uniões familiares, no intuito de que não sejam alvos de hostilidade e animosidades execráveis. Concomitantemente, os professores devem, desde cedo, dialogar com os alunos sobre a questão familiar contemporânea, a fim de que não internalizem qualquer tipo de intolerância. Tais medidas garantiriam, aos poucos, uma sociedade mais saudável e compreensiva frente ao novo conceito de família e de sua relação com a cidadania.