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Enviada em: 10/08/2017

A beleza está na raiz da lenda grega sobre a Guerra de Tróia, que teve início em um concurso de beleza entre três deusas, na qual Páris foi o juiz. As três tentaram suborná-lo, porém, venceu Afrodite, que lhe ofereceu a mais linda mortal, Helena, sendo objeto de disputa no conflito com Esparta. Com isso, é possível observar a centralidade da aparência física no imaginário da sociedade, inclusive biologicamente, sendo considerada como mecanismo de reprodução. Porém, a busca incessante pela perfeição e sua supervalorização alcançou níveis preocupantes, afetando indivíduos socialmente e psicologicamente.    A princípio, os meios de comunicação em massa é o atual veículo na divulgação e construção dos padrões de beleza. Dessa forma, percebe-se que os modelos de aparência que a sociedade tem são os estipulados exaustivamente pela mídia. Assim, por meio de discursos publicitários e jornalísticos é imposto que para ser belo é necessário possuir certas características e para obtê-las qualquer sacrifício é válido, resultando-se, então, em pessoas que realizam intervenções perigosas e desnecessárias, em busca de uma perfeição inalcançável, levando-os à complicações de saúde e até a morte.    Outrossim, a exaltação de certos padrões é uma forma de segregação social. Certamente para alcançar o patamar desejado de boa forma, é necessário investir grande tempo e dinheiro, porém, apenas uma parcela da população possui recursos financeiros suficientes. Desse modo, a estética corporal serve como um divisor social, na medida que exclui os que não estão de acordo com os arquétipos. Então, a beleza torna-se uma nova forma de preconceito, que se estende da procura por emprego até aos relacionamentos amorosos, prejudicando a interação social dos divergentes.    É preciso, portanto, que se reflita sobre a representação corporal que nos é imposta a cada dia, e que a sociedade compreenda que a singularidade da beleza está justamente no seu aspecto plural. O primeiro passo deve ser dado pelo próprio indivíduo, sendo mais flexível consigo mesmo e libertando-se dessa visão limitada de beleza. Aceitar-se é um processo de evolução. Na esteira desse movimento, deve estar o apoio dos agentes sociais. A escola precisa levantar esses questionamentos e debater sobre os estigmas corporais. A mídia e as empresas de cosméticos, devem fazer propagandas e projetos que refutem a ideia de padrões de beleza, como foi feita pela Dove em 2013, com a campanha “Retratos da Real Beleza”.