Enviada em: 13/08/2017

Na confluência entre a busca por notoriedade nas redes sociais e a provável efetivação social, a obsessão pelo corpo perfeito recrudesce no Brasil. A atividade física, outrora realizada apenas no intuito de manter a saúde e o bem-estar físico, onera hodiernamente pessoas que tentam se encaixar nos "padrões corporais". Por conseguinte, distúrbios físicos e alimentares são frequentes consequências desse comportamento.  Segundo Pierre Bourdieu, as pessoas realizam no consumo a sociabilidade. Sob essa óptica, a busca pelo corpo ideal assume o protagonismo da ideia do sociólogo,  pois grande parte dos indivíduos pensam que só serão aceitos socialmente se estiverem dentro dos "padrões" impostos pela sociedade capitalista. Ante esse cenário, o Brasil assume o segundo lugar no ranking dos países que mais realizam cirurgias plásticas no mundo, conforme pesquisas realizadas pela ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética).    Além disso, é válido destacar as consequências da desenfreada - e não diligente - busca pelo corpo perfeito. Transtornos psicológicos, como a vigorexia, caracterizada pela exacerbada realização de atividades físicas e insatisfação com o próprio corpo, e a anorexia, significada pelo distúrbio alimentar, assumem fatores de risco ao bem-estar físico e mental. Outrossim, o consumo de esteroides anabólicos ilícitos, com o intuito de obter músculos maiores, é também um adicional nessa problemática de degenerescência.     Urge, portanto, medidas que mitiguem esse pujante ato comportamental. Cabe ao Governo Federal a contratação de psicólogos e nutricionistas para os postos de saúde, com o intuito de orientar o indivíduo em relação à alimentação e à autoaceitação. É mister, também, que escolas e faculdades distribuam cartilhas que elucidem a problemática da excessiva busca pelo corpo perfeito, evidenciando as consequências dessa busca. Ademais, cabe à mídia salientar a individualidade corporal, e não padronizá-las em propagandas que evidenciem o "corpo ideal".