Materiais:
Enviada em: 17/08/2017

Perfeição parnasiana       No conto, A Bela e a Fera, uma linda menina, chamada Bela, foi feita de prisioneira por uma horrível fera em troca da vida do seu pai. Com o passar do tempo, a menina começou a sensibilizar-se com os gestos delicados e amáveis do monstro, passando a amá-lo intensamente, independente da beleza da fera. Saindo da ficção, observa-se na realidade que, hoje, o padrão de beleza vem a ser posto acima de qualidades e valores morais. Percebe-se, então, que a questão da corpolatria tornou-se a essência da atualidade, fazendo-se pertinente, assim, a discussão dos seus aspectos econômicos e sociais.                   Primeiramente, é válido destacar a capacidade dos indivíduos em incorporar os preceitos que lhes são postos. Isso pode ser exemplificado pela ideia de Tabula Rasa, de John Locke, a qual afirma que os seres humanos nascem como uma folha em branco, que é escrita a partir dos conhecimentos adquiridos. Esse fato consta-se nos meios comunicativos - agentes de grande poder persuasivo - que difundem informações, do campo da beleza e da moda, por exemplo, ajudando, dessa forma, a propagar o ideal do corpo perfeito. Com isso, os indivíduos sentem-se na obrigação de atingir tais padrões, recorrendo a cirurgias, dietas e suplementação. Prova disso, é o crescimento dos índices de cirurgias plásticas nos países, a exemplo do Brasil, líder do ranking, com 13% do total dos procedimentos mundiais realizados, segundo a ISAPS.        Aliado a isso, nota-se a ausência de informações a respeito dos riscos da busca excessiva pelo corpo ideal. Como consequência, a procura pelo equilíbrio estético, encontra-se, hoje, acima da questão da saúde do indivíduo, trazendo, com isso, a possibilidade do desenvolvimento de transtornos alimentares. Exemplo disso é o crescimento de doenças como a anorexia, bulimia e vigorexia, que se somam como problemas decorrentes da não aceitação física do indivíduo. Essa questão de saúde pública poderia ser transformada através da educação e do conhecimento da questão da corpolatria, visto que, segundo a visão kantiana: "O ser humano é aquilo que a educação faz dele."    É notório, portanto, que o problema relacionado ao culto ao corpo interfere na saúde e no comportamento social. É imprescindível, então, que os meios comunicativos, como a mídia e a internet, difundam a ideia da diversidade corporal, a partir de campanhas e propagandas, a fim de acabar com a concepção do corpo perfeito. Paralelamente a isso, urge que o governo em parceria com as escolas promovam atividades e projetos, que visem informar a importância da saúde acima de valores estéticos, a fim de erradicar a ideia da padronização dos indivíduos. Afinal, a busca pela perfeição e equilíbrio da forma, a época parnasiana, não deve ser estendida a questão corporal e física da sociedade atual.