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Enviada em: 15/08/2017

As múltiplas ambivalências que giram em torno do culto à padronização corporal no Brasil podem extrapolar a visão de Bauman para a ultramodernidade. A busca pelo corpo perfeito, muitas vezes, é levado ao extremo por pessoas que não medem as consequências para um futuro não muito distante. Nessa dinâmica, assim como para a matemática euclidiana, dois pontos são necessários para a construção de uma reta, dois tópicos são significativos para para compreender tal situação: a aparência sobreposta a essência e a estética corporal como operador social.    Circunscrito a essa realidade, o esfacelamento das bases sociais é notório, principalmente no contexto da sobreposição da aparência em detrimento da essência no contexto dessa temática. Em busca de uma maior aceitação e visibilidade, pessoas se submetem a processos altamente arriscados, que muitas vezes não atendem a um estudo rigoroso, tudo isto para a busca de um corpo perfeito. A perda de referências na contemporaneidade, muitas vezes concatenadas ao dinamismo do dia a dia, faz com que as pessoas adotem valores frágeis para a construção da sociedade atual. Percebe-se assim uma valorização de academias e centros esportivos ao invés de centro culturais. .Subordinadas pela aceitação das pessoas ao redor, tais pessoas se inserem em um simulacro, ou seja, o ato de parecer ser, estando a aparência acima da essência, como já denunciava Baudrillard.    Nesse sentido, é evidente que a estética corporal desempenha um papel de destaque como mediador das relações da era moderna, que se mostram cada vez mais complexas e doentias. Subordinadas à uma lógica de mercado, apresentar uma boa aparência se mostra, por muitas vezes, como uma característica favorável nas relações modernas. Tal fato só evidencia a fragilidade das relações pós modernas, moldando-se conforme a situação, o que as caracterizam como relações líquidas, como já sugeria Bauman. Ademais, fica evidenciado o culto ao corpo perfeito, principalmente quando se trata do mercado de trabalho, onde pessoas com melhor aparência física tendem a se destacar, algumas vezes, entre pessoas com melhor formação e preparo intelectual, porém que não possuem um corpo fenomenal. Desse modo, é inegável o poder da aparência como um operador social na sociedade atual.    Logo, essa problemática necessita de medidas concretas e não apenas de um belo discurso. Tratando-se da aparência sobreposta a essência, deve-se promover palestras educacionais pelas escolas das cidades mostrando os malefícios de se valorizar muito um em relação ao outro, incentivando sempre a busca por um equilíbrio. Quanto ao corpo atuante como um operador social, deve-se promover palestras empresariais por parte órgãos de suporte as empresas afim de que incentivem a contratação de profissionais por sua competência e não só por sua aparência física.