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Enviada em: 16/08/2017

O culto ao belo sempre esteve presente nas culturas das civilizações humanas. O padrão a ser seguido varia de acordo com os valores vigentes, a fim de demonstrar poder, riqueza, virilidade ou fertilidade. No Brasil contemporâneo, a incessante busca pela beleza movimenta um dos maiores mercados de intervenções estéticas do mundo. Como a padronização corporal afeta os indivíduos?          Na Grécia Antiga, a educação masculina harmonizava mente e corpo, em busca da perfeição. Em contrapartida, brasileiros aderem à prática esportiva sem atrelarem à ela os ideais gregos: tentam apenas alcançar padrões corporais, muitas vezes com o uso de anabolizantes e suplementos. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres, cerca de 54% dos brasileiros tomam algum tipo de suplemento alimentar, cujo excesso pode acarretar problemas de saúde.         O Renascimento resgatou valores humanistas e o apreço pelos padrões de beleza da Antiguidade: as mulheres representadas exibiam formas voluptuosas, indicando fertilidade e boa condição financeira. Contudo, devido às mídias e à moda, a mulher brasileira se adéqua aos padrões impostos à elas: corpos magros, traços faciais delicados e cabelos lisos. Consequentemente, um relatório da International Society of Aesthetic Plastic Surgery constatou que o Brasil lidera o ranking das cirurgias plásticas no mundo, sendo a rinoplastia uma das mais realizadas.          Ao longo dos séculos, os ideais de beleza se modificaram e a percepção da sociedade sobre eles também. O padrão em vigor ainda causa inúmeros distúrbios alimentares e problemas de saúde, levando até a óbito em casos extremos. Seria utópico pensar em uma sociedade livre de padrões corporais, porém é possível minimizar seus efeitos: o governo, junto com as escolas, deve criar programas que estimulem a alimentação saudável e práticas de consciência corporal, para que jovens e crianças conheçam seus próprios corpos e limites. Além disso, a mídia pode exibir variados tipos de pessoas em propagandas, filmes e desfiles a fim de promover a democratização da beleza. O belo é subjetivo e está presente desde a Vênus de Botticelli a Arnold Schwarzenegger.