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Enviada em: 19/08/2017

O modelo de corpo perfeito varia de acordo com o contexto histórico que a sociedade está inserida. Na Grécia Antiga, a forma atlética era sinônimo não só de beleza, mas de mente brilhante; na Idade Média, a religiosidade julgava pecaminoso os cuidados com o corpo, que era pouco evidenciado; no Renascimento, as mulheres exibiam formas roliças e uma barriga avantajada; nos dias atuais, o físico magro e musculoso é o que chama atenção de jovens e adultos. Dessa maneira, percebe-se ao longo da história que o belo é sempre ditado por uma minoria e padronizado para a sociedade em geral.    Trata-se de uma questão influenciada pela massificação da mídia e pelos interesses econômicos por trás da indústria da beleza. Atualmente, a sociedade tem se deparado com a exigência de ter um corpo malhado e uma dieta com baixo consumo de carboidratos e alto de proteínas, discriminando as pessoas acima do peso. Nas redes sociais, as blogueiras exibem uma barriga "tanquinho", pernas musculosas e consumo de alimentos zero glúten e lactose. Nas propagandas e nas novelas, o modelo escolhido deve ser "fitness" para influenciar o telespectador a também seguir aquele padrão e, claro, consumir o chá milagroso, o creme redutor de medidas ou o suplemento para melhorar a performance no treino. Segundo a Associação Brasileira de Academias, o setor fitness movimenta quase dois bilhões e meio de dólares, sendo o Brasil o segundo país com maior número de academias no mundo.     Além disso, a ditadura da beleza influencia diretamente no aumento de cirurgias plásticas, de distúrbios alimentares e até psicológicos. Infelizmente, a busca pela forma ideal tem deixado jovens cada vez mais frustrados com suas características físicas e, diante da não aceitação do seu biotipo, acabam usando métodos perigosos para emagrecer e ganhar massa muscular, como o uso de anabolizantes e inibidores de apetite. Dessa maneira, doenças como a anorexia, bulimia, vigorexia e depressão são comuns na sociedade da boa forma. Associado a essa infelicidade com o corpo, o país é o segundo no ranking mundial de cirurgias plásticas para fins estéticos, sendo que a procura é maior entre as mulheres para realização de próteses nas mamas e lipoaspiração, além de procedimentos mais simples como o botox, segundo pesquisas da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica.     Destarte, o culto ao corpo perfeito tornou-se uma escravidão com graves consequências. Para mudar essa realidade, é preciso que o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Alimentos e Nutrição informem através de campanhas na mídia e nas escolas sobre a importância de não se alimentar de forma extremista e exagerada, priorizando a saúde e não a estética. Cabe à família educar as crianças para não se tornarem reféns dos padrões impostos e, caso necessário, buscar acompanhamento psicológico para seus rebentos. Só assim, o equilíbrio entre corpo e mente será restabelecido.