Materiais:
Enviada em: 17/08/2017

O ser humano foi feito para viver em sociedade, afinal, como defendia o filósofo Aristóteles, a natureza humana faz dele um animal político, inclinando-o ao convívio social. Todavia, o culto a padronização corporal vem prejudicando a rede de relacionamentos supramencionada, na medida em que aqueles que estão fora da forma definida como ideal são tratados com desigualdade, desrespeito e discriminação. Além disso, a supervalorização dos aspéctos externos, impede as pessoas de se autodeterminarem na sociedade.       O culto a padronização corporal é mais do que a adoção de um modelo de corpo ideal, é uma verdadeira sujeição de um grupo de indivíduos a parâmetros corporais que classificam aqueles que os tem como superiores, quando comparados aos que renunciaram ou não alcançaram tais referências. Se as consequências produzidas por essa adoração não atingissem aqueles que estão fora do referido grupo, talvez não seria, o culto a padronização da imagem, tão prejudicial para a sociedade como é na realidade. No Brasil, notícias vinculadas a comportamentos discriminatórios dirigidos contra pessoas consideradas fora dos padrões aceitáveis de beleza são constantes. Na cidade de São Paulo por exemplo, casas noturnas vem sendo investigadas pelo Ministério Público Estadual, após denúncias de discriminação de seus funcionários, acusados de impedir a entrada de pessoas negras, obesas e consideradas feias.        Por outro ângulo, a supervalorização da imagem corporal afeta a própria construção individual da personalidade das pessoas, já que acaba criando um ciclo vicioso em que a pessoa que se vê investida nele precisa da aprovação do outro para tomar simples decisões da vida, como a de que roupa vestir ou quais alimentos comer. Há portanto uma total dependência da opinião dos outros e uma completa ausência de autodeterminação, o que, é bom ser dito, produz uma série de consequências na vida dessas pessoas e, em última análise, até mesmo o suicídio.       O culto a padronização corporal no Brasil não pode ser encarado como mera efemeridade pela qual passa a sociedade brasileira e deve ser combatido. Para tanto, tem de ser enfrentado desde o início, com políticas públicas dirigidas ao ensino fundamental e médio, no combate ao bullying nas escolas e na conscientização dos estudantes sobre os males causados pela supervalorização da imagem.