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Enviada em: 21/08/2017

A música "Nádegas a declarar", de Gabriel o Pensador, traça uma feroz crítica à apologia aos corpos perfeitos, no Brasil contemporâneo. Tal música, representa uma realidade sustentada por instrumentos de comunicações, os quais divulgam uma cultura voltada à supervalorização do corpo em detrimento da racionalidade- sendo um ato retrógrado, a ser combatido.     Primeiramente, percebe-se que a influência midiática, como forte aliada do sistema capitalista, é a principal responsável pela disseminação à padronização corporal hodierna. Isso porque as campanhas publicitárias, sempre com visual convidativo, cativam o telespectador ao criarem protótipos do belo em seus anúncios elaborados por especialistas. A sociedade, então, por tender a incorporar as estruturas sociais de sua época, conforme defendeu o filósofo Pierre Bordieu, naturalizou esse pensamento e passou a reproduzir a subordinação do dever de ser belo como algo intrínseco; desconstituindo-se, dessa forma, a tolerância aos diversos biotipos efetivos, ao enaltecer um modelo de sucesso corporal. Destarte, vê-se a necessidade da desvinculação social de bases preconcebidas anacrônicas, à devida aceitação social e respeito civil aos que não se enquadram nesses moldes.      Além disso, é necessário analisar como o anseio de encaixar-se nos parâmetros difundidos atuais, determinam, principalmente no público feminino,  um quadro agravante à saúde mental humana. Nele, ocorre a frustrante pressão social e informacional, de um padrão que, no mundo real, é quase impossível de ser atingido; suscitando-se, desse modo, em distúrbios alimentares e psíquicos, como a bulimia e a anorexia associadas a um panorama de depressão, as quais acometem ardilosamente a vitalidade e a autoestima da vítima alienada. Outrossim, a passividade acadêmica contribui para a estadia do cenário, haja vista que não é discutido a relevância da aceitação pessoal, fomentando a não criticidade frente à padronização material imposta por um sistema corrompido; reforçando-se, assim, a alienação vigente.      De modo exposto, percebe-se que o culto à padronização corporal no Brasil tem bases antiquadas, mas que podem ser superadas. É mister, portanto, que o Estado contribua investindo em ONGs voltadas à defesa da valorização multicultural e apreço da aceitação pessoal, bem como, efetivar campanhas e palestras em escolas, comunidades e na mídia, objetivando-se a explanação social do impasse e o debate acerca das implicações negativas de um estereótipo corporal único. Somado a isso, Instituições de Ensino devem promover aulas de História e Sociologia que enfatizem quaisquer noções retrógradas associadas à temática, por meio de produções culturais, assim, a longo prazo, é possível erradicar as bases alienadoras e estereotipadas do país.