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Enviada em: 20/08/2017

Ditadura da beleza      Ao longo da historia do homem sobre a terra, nota-se que o corpo humano assumiu diferentes conotações para as sociedades, seja com representação de força e poder durante a antiguidade, seja como símbolo de pecado na idade média. No contexto da sociedade brasileira contemporânea o culto a padronização corporal tem ganhado lugar de destaque. Nesse sentido, os indivíduos experimentam uma preocupação crescente com a imagem e a estética, que muitas vezes se torna danosa à saúde.      É preciso considerar, primeiramente, o modelo de beleza imposto pela mídia, sobretudo, televisiva. Se no passado Hollywood, por exemplo, procurava representar a realidade, hoje, a população que tem sido guiada por sua imagem, uma vez que a mídia ocupou o papel que no passado pertenceu à Igreja, determinando o que é positivo e negativo. Nesse sentido, são definidos padrões de beleza quase inalcançáveis. O demérito desse cenário está no fato de que criou uma geração capaz de degradar a própria saúde para atender as demandas da ditadura da beleza. Além disso, forjou a brecha necessária para instauração de transtornos físicos e psicológicos como a anorexia, a bulimia e a vigorexia.      Por outro lado, o culto a padronização corporal também se tornou solo fértil para disseminação de novos preconceitos. Numa sociedade, na qual a originalidade é tão exaltada, paradoxalmente, aqueles que não correspondem ao padrão estético estabelecido, não raro, são descartados, como no mercado de trabalho quando a aparência é decisiva para o preenchimento ou não de uma vaga, na medida em que o corpo se transformou em uma forma de distinção social, assim como afirma Pierre Bourdieu, sociólogo francês contemporâneo. Observar tal situação é se deparar com a urgência de ações necessárias.      Torna-se evidente, enfim, que a pauta em voga requer medidas concretas, e não um belo discurso. Desse modo, as escolas podem, por meio de peças e palestras educativas, desconstruir no imaginário social a ideia de que existe um padrão de beleza ao qual toda a sociedade deve se adequar. Ainda, o Ministério da Saúde pode investir em propagandas que visem o combate às doenças provocadas por transtornos alimentares. Talvez assim, no futuro, a padronização corporal não seja mais uma problemática para o país.