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Enviada em: 18/08/2017

Ditadura renascentista                                                                                    A dogmatização da estética corporal é colocada à serviço da reprodução da lógica social, militar ou religiosa a datar do fim da Pré-História: o Renascimento marcou um período de transformação e humanização do imaginário coletivo; não coadunou, contudo, com a ruptura do culto ao corpo perfeito da cultura greco-romana -- paradoxo que se difundiu e se tornou a chaga hodierna. Nesse âmbito, há o vilipêndio às idiossincrasias de aparência, visto que são homogeneizadas e julgadas pela opressão capitalista. É necessário discutir, dessa forma, a influência digital e institucional ao tema e seus prejuízos salutares.                                                                                                                                               O marketing desestabilizador dos principais órgãos persuasivos demonstra a contradição moderna, na qual, ao passo que a estética e a magreza são cultuadas, ocorre a massacrante valorização de produtos industrializados, prejudiciais nutricionalmente. O documentário americano “Super Size Me”, com base nisso, edifica uma crítica ao atual modelo de consumo, no qual o fácil acesso à alimentos calóricos somado aos seus preços mais acessíveis, em detrimento dos orgânicos e saudáveis, magnifica a epidemia de obesidade. Assim sendo, torna-se distópico alcançar o modelo de aparência propagado, uma vez que a mídia impõe a intensa necessidade de adequação aos padrões, mas não fornece subsídios para que isso ocorra, estigmatizando os excluídos dele.            Por conseguinte, tal estilo de vida contemporâneo inviabiliza, ascendentemente, a saúde mundial, haja vista que cede margens para a difusão de distúrbios mentais e corporais, como a anorexia, a obesidade e a vigorexia. Não obstante, a utilização de aromatizantes e flavorizantes viciantes no alimentos provoca, sob a ótica biológica, a dependência, mediante a liberação de neurotransmissores, como a dopamina, que provoca a sensação de prazer. O homem urbano, analogamente, torna-se reificado e sofre com pressões externas e externas ao tentar se adequar ao estereótipo vigente e às suas próprias particularidades e desejos estéticos.                Convém, portanto, que o Poder Lesgislativo regulamente a propagação do conteúdo midiático, por meio do cerceamento dos prejudiciais à saúde populacional devido a um caráter manipulador, a fim de garantir a liberdade e diversidade estética de indivíduos que possuirão, assim, autonomia para formar seus próprios padrões. Para mais, cabe ao Estado oferecer subsídios agrícolas, por meio do incentivo ao mercado de produtos orgânicos e ao seu barateamento, com o objetivo de fomentar um estilo de vida mais saudável e livre de substâncias com efeitos indesejados, como a dependência.