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Enviada em: 18/08/2017

Desde a Antiguidade, o corpo humano era exaltado e padronizado conforme ideais de perfeição, basta observar obras da Grécia Antiga, como o Discóbolo, símbolo da Educação Física. Não obstante, atualmente, o modelo Hollywoodiano corrobora para práticas nem sempre saudáveis, as quais ocasionam danos físicos e psicológicos a muitos que se sentem incapacitados de se enquadrarem nos critérios pré-estabelecidos.       Em primeiro plano, é importante notar a crescente valorização pelo ideal de beleza. Segundo uma pesquisa realizada pela empresa Dove em parceria com Edelman Intelligence (2016), mais de 80% das brasileiras na faixa dos 18 aos 37 anos sentem-se pressionadas a atingir a perfeição corporal. De acordo com Pierre Bourdieu, sociólogo francês, essa realidade traduz uma maneira de distinção social, uma vez que estar “em forma” significa ter prestígio numa sociedade que estabelece padrões. No entanto, a preocupação com o corpo pode não ser proporcional à saúde, gerando efeitos negativos.       Nessa perspectiva, há o aparecimento de doenças psicossociais extremamente maléficas ao bem-estar individual. A anorexia, a bulimia e a vigorexia são as mais expressivas ao se tratar de transtornos alimentares e físicos. Isso demonstra uma fragilidade psicológica diante do critério estabelecido, a ponto de colocar em risco a própria vida. Como afirma Joana de Vilhena Novaes, no livro “O Intolerável Peso da Feiúra”, o indivíduo acaba sendo responsabilizado por não ter o corpo adequado, o que é considerado como desvio de caráter e falta de vontade.       Fica claro, portanto, que diante do parâmetro inatingível de perfeição, muitos brasileiros veem-se incapacitados e vulneráveis ao desenvolvimento de problemas nutricionais. Amenizar esse cenário requer esforço social e individual quanto à aceitação do corpo e cuidados com a saúde. Para tanto, é imprescindível o papel das instituições de saúde em parceria com agências de modelo, como o projeto realizado pela comissão da São Paulo Fashion Week, ao promover discussões entre médicos, psicólogos, modelos e a comunidade sobre os perigos de práticas não saudáveis e a valorização do próprio corpo. Afinal, a beleza está nos olhos de quem vê.