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Enviada em: 25/08/2017

O corpo humano sempre despertou o interesse do homem em todas as épocas. Na estética renascentista, era visto como uma perfeição divina e passou a ser fonte de inspiração para pintores e escritores. No entanto, o culto a um padrão corporal estipulado na contemporaneidade tornou-se sinônimo de reconhecimento, valor, bem como felicidade. Nesse contexto, a mídia e o mercado de trabalho configuram-se como fortes vetores de sustentação dessa busca por esse padrão figurado.     Em primeiro plano, deve-se notar que o indivíduo atual perdeu o limite entre a saúde e a beleza. A busca por um corpo, dito pela sociedade como perfeito, é o objetivo final de mulheres e homens aos quais tentam se enquadrar nessa exigência social para se sentirem completos quanto seres humanos. Essa busca incessante por algo que foge da realidade é, substancialmente, alimentada pela mídia brasileira em consonância com um mercado extremamente com vistas ao lucro. Nesse contexto, observa-se a quantidade de jovens que se matriculam em academias e em seguida fazem uso de anabolizantes para buscar aquele corpo belo da revista, o qual muitas vezes é resultado de photoshop. Hoje, só no Brasil, um terço das meninas que estão no 9º ano do Ensino Fundamental já se preocupam com o peso, de acordo com uma pesquisa de 2013 do IBGE.     Em segundo plano, é importante analisar como a beleza está intrisecamente relacionada ao individualismo, bem como a coletividade, quanto imposição. Essa pressão da sociedade sobre o indivíduo foi amplamente estudada por Durkheim sendo conceituada como fato social. A necessidade do enquadramento a essa coercitividade do corpo perfeito se faz necessária para garantir o próprio sustento. Vale destacar que, atualmente, o mercado de trabalho é notadamente seletista no que tange à contratação do trabalhador. Nesse contexto, nota-se que a beleza virou um dos pré-requisitos para ser contratado em muitas empresas, principalmente, no ramo de vendas. Consequentemente, essa problemática garante a danosa perpetuação do preconceito no Brasil.      Torna-se evidente, portanto, como a imposição de um padrão corporal é prejudicial para o desenvolvimento de uma sociedade saudável tanto corporal quanto psicologicamente. É imperioso ao Governo em consonância com o Conselho Federal de Medicina, por meio da própria mídia, investir em programas televisivos com profissionais da saúde para discutir e orientar a população sobre os malefícios dessa busca por esse corpo "ideal", a fim de mudar essa visão do que é belo, como também sinônimo de sucesso ao qual a sociedade foi mergulhada. É necessário aos centros de treinamento adotarem medidas preventivas quanto ao uso de anabolizantes por parte de seus clientes, tais como o esclarecimento das suas consequências por meio de cartazes e explicações nas avaliações periódicas.