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Enviada em: 20/08/2017

Em meados do século XIX, posterior à Independência do Brasil e inserido num contexto de contundente necessidade de uma identidade nacional, o Romantismo, um movimento literário caracterizado pela idealização, retratou os costumes da elite brasileira, que, dessa forma, ditava os estereótipos sociais. Assim, verifica-se, mediante a historiografia da influência ideológica das classes beneficiadas, que a busca desmedida e exacerbada pelo "corpo perfeito" é prejudicial e impulsionada pela intolerância social quanto à quebra de padrões, bem como pela perfeição exigida no mundo virtual.             Segundo o sociólogo Émile Durkheim, o fato social consiste na maneira coletiva de agir e pensar. Com isso, esse fenômeno pode ser considerado capaz de vitimizar grupos sociais excluídos dos paradigmas impostos pela elite, como homossexuais, negros e obesos. Esses últimos, sobretudo, dispõem de uma maior propensão ao desenvolvimento de transtornos alimentares em resposta à violência física, psicológica e moral que são submetidos devido ao sobrepeso e à intolerância social com as diferenças. É importante ressaltar, destarte, a frequente ocorrência desses episódios em escolas, o que proporciona uma construção de padrões desde a adolescência e acresce o desejo e a busca pelo encaixe no molde ditado pela classe média alta.                   Em decorrência disso, o mundo virtual pode ser muito cruel ao apresentar e exigir o "corpo perfeito" através de novelas, propagandas nos meios de comunicação e a exposição em redes sociais de corpos, mormente femininos, muitas vezes submetidos a edições fotográficas, para exemplificar. Nessa perspectiva, "as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental", um trecho do poeta Vinicius de Moraes, exprime a futilidade hodierna e uma consequente pressão, especialmente nas mulheres, para que a exigência virtual seja atendida, desconsiderando os possíveis distúrbios e impactos que podem suceder.                   Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para solucionar os entraves da conjuntura apresentada. Logo, o Ministério da Educação (MEC), aliado às escolas e universidades, deve investir em palestras que promovam a tolerância e o respeito sobre o assunto para professores, pais e alunos, na perspectiva de mitigar a rejeição dos indivíduos que diferem dos padrões sociais. Além disso, cabe ao Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (CONAR) fiscalizar as propagandas midiáticas, a fim de atenuar as exigências virtuais no que tange a imagem corporal, bem como minimizar as cobranças sobre o corpo feminino. Dessa forma, a influência ideológica da elite brasileira poderá ser repudiada e, então, as melhorias serão progressivamente eficazes.