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Enviada em: 21/08/2017

Freud, através da obra “O Mal-Estar na Civilização”, expressou interesse acerca da valorização dos ideais estéticos das sociedades hodiernas. Para o fundador da psicanálise, a constante procura pela beleza e as formas de utilização do corpo, hoje, objetivam o encontro da felicidade. É certo que, no entanto, em meio a esse processo, o culto à aparência perfeita resulta em práticas extremas e maléficas à saúde dos adeptos. No Brasil, entre os fatores que contribuem para a persistência e ascensão dessa problemática, pode-se mencionar a ação dos veículos midiáticos e a baixa informatividade populacional.               A priori, deve-se reconhecer a influência que os veículos de comunicação em massa, como televisão e internet, exercem perante os brasileiros em relação à "corpolatria". Em decorrência dos frequentes discursos que estimulam a adesão às dietas milagrosas, métodos cirúrgicos revolucionários e compra excessiva de cosméticos, dissemina-se, entre a população, uma falsa necessidade de adequação social. Nesse âmbito, o hedonismo e o narcisismo são supervalorizados e os cuidados com a saúde e a estética corporal simbolizam, de maneira errônea, ações indispensáveis para que se possa alcançar a felicidade. Tal associação, por refletir de maneira negativa nos indivíduos, deve ser revertida.              Em paralelo, a submissão dos indivíduos à essa prática é reforçada pela deficiente difusão de informações acerca dos possíveis malefícios provocados por tais ações extremistas. De acordo com a filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre, o ser humano não nasce pronto e tem, dessa forma, a possibilidade de se construir. Nesse sentido, a insuficiência de debates ao longo do processo de formação do senso crítico pessoal compromete o reconhecimento dos possíveis danos àqueles que seguem a "ditadura da beleza". O efeito, nesse caso, está associado à crescente adesão, entre outros, das restrições alimentares sem acompanhamento médico e procedimentos cirúrgicos desnecessários.              Destarte, transformações nas instituições midiáticas e educacionais são requeridas a fim de minorar a "corpolatria" entre os brasileiros. Para tanto, as escolas devem investir na construção sartreana e ofertar palestras, ministradas por psicólogos e nutricionistas, que enalteçam hábitos saudáveis e auto aceitação corporal. Ademais, cabe aos Ministérios da Educação, Cultura e Saúde elaborar um projeto nacional de reafirmação das características da população e, através da ampla influência midiática, veicular campanhas publicitárias que demonstrem a miscigenação presente no Brasil e a importância de se respeitar os diferentes biótipos apresentados. Por fim, atribui-se ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária a função de garantir a não veiculação de peças com caráter discriminatório e suspender as atividades de empresas que produzirem tais conteúdos.