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Enviada em: 21/08/2017

No conto "O espelho", de Guimarães Rosa, o eu lírico discute a ansiosa busca por algo que o reflexo físico não pode mostrar, constatando o quanto da individualidade se decide pelas imposições do meio. Desde a revolução industrial e a ascensão do capitalismo, o mundo vem demasiadamente priorizando produtos estéticos em detrimento de valores humanos essenciais. Assim, convém analisar a problemática que a busca pelo corpo perfeito pode acarretar à sociedade brasileira, que está intrinsecamente ligado à realidade do país, seja por questões culturais, seja por influências midiáticas.      É indubitável que o consumismo desenfreado, influenciado pela mídia e pela lógica capitalista, esteja entre as causas do problema. Assim, de um lado temos  indústria de cosmético tentando lucrar na venda de seus produtos, como géis redutores de medidas, e no outro, a mídia, em todas as suas formas de expressão, mostrando aos seus telespectadores aquilo que aparenta ser um corpo ideal, difundido, dessa forma, novos valores da cultura do consumo e tornando a sociedade refém dessa busca incansável e inalcançável pelo perfeito.Segundo afirma  cosmetóloga e escritora Sonia Corazza, as pessoas que se julgam melhores por terem, teoricamente, a imagem eleita da beleza, estão agarradas a um conceito passageiro, pois juventude e uma carinha bonita não são perenes. Nesse sentido, a vaidade excessiva,ao invés de gerar um sentimento de felicidade e sucesso, pode tornar o ser humano permanentemente insatisfeito.       Outrossim, destaca-se que as questões que envolvem o corpo são impulsionadas por qualquer tipo de interferência familiar e histórica. Segundo Durkheim, o fato social consiste na forma coletiva de agir e pensar, dotada de generalidade e exterioridade. De maneira análogo, observa-se que a busca radical pelo beleza perfeita , pode ser encaixada na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Dessa maneira, os cuidados com o corpo se torna intenso, transmitindo de geração a geração, agravando o problema no Brasil.     Portanto, medidas são necessárias para solucionar o impasse. O Governo, através do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), deve regular propagandas que induzam a adoção de padrões estéticos com maior rigidez, promovendo a diversidade de aparências. O Ministério da Educação, aliado as escolas da rede pública e privada, deverá realizar palestras educativas, ministradas por professores e educadores, que abordem o tema, respeitando as diferenças, alertando que cada pessoa deve encontrar o seu próprio padrão de beleza e ser, sobretudo, feliz com suas qualidades.