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Enviada em: 04/11/2017

"O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado." Essa máxima de Thomas Hobbes retrata fielmente a sociedade brasileira atual, no que tange à preocupação excessiva com a aparência corporal. Esse é um aspecto que, inevitavelmente, acorrenta e limita o ser humano, devido ao sentimento de que é necessário adequar-se aos padrões para ser plenamente aceito na sociedade. Essa realidade é extremamente danosa por estar vinculada ao surgimento de doenças físicas e psíquicas, além do preconceito. Logo, deve-se analisá-la e pensar em meios de combatê-la.   Em primeiro plano, vale ressaltar que a existência de padrões corporais é absolutamente normal, haja vista que esse fenômeno já ocorreu em diversas localidades e espaços temporais. Sob esse viés, convém analisar as diversas representações de Vênus, que sintetizam o padrão corporal vigente no contexto em que foram realizadas e relacionam-se aos respectivos valores culturais e sociais priorizados. Enquanto na Antiguidade privilegiava-se a visão do corpo feminino como símbolo de fertilidade, sendo esse o padrão de perfeição da época, na atualidade o foco está na beleza física e no corpo escultural. Essas divergências ocorrem porque os valores hodiernos baseiam-se em uma visão consumista e fútil que prioriza a forma física, produtos de beleza e vestimenta, aspectos que também podem ser analisados como uma forma de obtenção de status.   Além dessa perspectiva, contribui para a problemática abordada a negligência de alguns setores da sociedade. Nesse sentido, a mídia e a indústria da moda exercem grande influência ao veicularem excessivamente um padrão corporal em detrimento dos demais, além de utilizarem recursos tecnológicos de edição e aperfeiçoamento de imagens, como o "photoshop". Também é preocupante a irresponsabilidade de determinados profissionais e pessoas públicas, quando indicam medicamentos e dietas sem a criteriosa avaliação do estado de saúde do indivíduo. Por conseguinte, é comum o surgimento de transtornos alimentares e outros problemas.   Portanto, com o fito de diminuir a influência dos padrões corporais, é necessário que a escola e a mídia atuem em ação conjunta, de modo a promoverem uma cultura de respeito e valorização à alteridade e à singularidade de cada indivíduo, por meio de publicidades com modelos diversificadas, de ficções engajadas e de aulas de Sociologia que abordem o tema e suas implicações. Ademais, o Ministério da Saúde deve proibir a compra desenfreada de medicamentos de emagrecimento e anabolizantes, através da exigência de receita e acompanhamento médico regular. A partir dessas medidas, será possível, paulatinamente, libertar os brasileiros da vigente ditadura da padronização corporal.