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Enviada em: 27/08/2017

No contexto do entreguerras ocorreu a ascensão de alguns regimes totalitários dos quais apropriaram-se de um discurso permeado por um culto à padronização corporal, este vigente desde a Antiguidade Clássica, como pode ser observado nas obras renascentistas. Nesse sentido, o fortalecimento de uma ideologia que promove a autodisciplina em prol de um objetivo estético extrínseco ao indivíduo permite a criação de transtornos alimentares e psicológicos; sendo assim, nota-se que a massificação indiscriminada de um ideário visual comum pode agravar inúmeros quadros problemáticos pessoais.      Nota-se, primordialmente, que a coerção social pode ser viablizada por diversas maneiras, dentre essas está a pressão que o meio exerce para que o indivíduo siga padrões comportamentais. A ação midiática estabelece ,através de peças publicitárias, bem como por meio da TV e do cinema, dois cenários paradoxais por si só. Por um lado, observa-se propagandas nas quais é incentivado o consumo desenfreado de alimentos prejudiciais à saúde, por outro, configura-se, nitidamente, o sentido oposto desse espectro: os próprios meios de comunicação incentivando uma dieta fitness, composta por alimentos ditos saudáveis e por atitudes radicais. O espectador, bombardeado por ambos os lados, se sente em um dilema moral, na medida em que necessita se adequar a um deles. Diante dessa ótica, a pressão muitas vezes leva o indivíduo a tomar medidas autônomas, ou seja, sem amparo médico.      Embora se afirma que, necessariamente, um corpo adequado ao padrão seja saudável, o que se observa é uma negligência no que tange ao acompanhamento de um profissional da área, dessa forma, é importante ressaltar até quando um regime pode ser benéfico para a saúde física e mental do paciente. Uma pesquisa realizada pela Secretaria de Saúde de São Paulo constatou que cerca de 77% das jovens apresentam distúrbios alimentares e, ainda, 46% acreditam que mulheres magras são mais felizes. Em face desse cenário analisado, acredita-se que a perseguição por um arquétipo pode acarretar em um descontentamento pessoal, justamente por não se enquadrar no modelo, na mesma medida em que se adequar a "dietas milagrosas"  podem comprometer a saúde do indivíduo.      Evitando, portanto, veicular propagandas que incentivem à padronização corporal, o CONAR, repreende uma das formas de adesão de indivíduos a esse culto . Em outro âmbito, Secretarias Estaduais de Saúde têm o dever de alertar as pessoas acerca do perigo de seguir uma dieta drástica sem prescrição médica, justamente por saberem que tal mudança depende de adequações às demandas fisiológicas do paciente. Por fim, organizações da sociedade civil podem contribuir para atenuar o número de casos de bulimia e suícidio, tendo em vista que ao reforçar a importância de cada um, independente dos traços fenotípicos, constrói uma sociedade mais plural.