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Enviada em: 28/08/2017

"Em nosso tempo, detestar-se e ferir-se por não ter o crânio construído exatamente da maneira do outro, parece tornar-se a mais monstruosa das loucuras". Com essas palavras, o escritor francês Emile Zola reproduz um raciocínio acerca do culto ao corpo e a padronização dos aspectos físicos, o que contribuem de forma maléfica no que se refere à saúde social. Dessa forma, deve ser analisado suas características sob a luz de suas implicações nas relações entre grupos, com destaque à atuação dos organismos que o cercam.    A priori, o que compele as pessoas a buscar um certo tipo de aparência é a associação desta com específicas representatividades sociais, como a condição financeira. De acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, a linguagem corporal é uma vitrine humana com o objetivo de distinguir uma pessoa dos demais indivíduos. Nesse sentido, a atual lógica global favorece esse tipo de distinção, visto que o sucesso econômico e a popularidade, buscados pelo cidadão moderno, estão frequentemente associados a certos biotipos, como a musculatura forte, o rosto afinado e uma altura socialmente aceitável para cada um dos sexos. Entretanto, é imprescindível pontuar que o estabelecimento desses padrões é utópico, diante da pluralidade encontrada, principalmente, em nosso país.    Soma-se a essa vontade de distinção, a pressão por parte da mídia cinematográfica e social. Segundo o filósofo alemão Max Horkheimer, a indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos e conscientes, na medida em que esta é focada na produção em série e homogeneização da cultura, do entretenimento e da aparência. Tendo isso em vista, é verificável uma contradição, pois, devido a vontade de diferenciação de uma pessoa entre as outras, ela acaba seguindo um padrão, consequentemente levada à despersonalização, tema muito abordado pela art pop.   Logo, é preciso que o Estado lance campanha amplamente divulgada pelas redes sociais e mídias televisivas, que abordem os temas de aceitação social, como objetivo de estimular as pessoas a pensar diferente, e aceitar sua aparência. Além disso, a Escola deve trabalhar o tema incansavelmente com seus alunos, visto que os adolescentes e crianças são um estrato social muito vulneráveis a esse tipo de  coerção social. Talvez assim, pode-se traçar caminhos rumo à diversificação e respeito à individualidade e singularidade de cada um.