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Enviada em: 31/07/2018

Liquidez social        O meio social sempre foi dotado de indivíduos com pensamentos e comportamentos diversos, exigindo habilidades como diálogo e compreensão. No entanto, atualmente, as dificuldades para manter relacionamentos interpessoais saudáveis vêm se intensificando. Conforme o sociólogo Émile Durkheim, “o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar”. Nesse contexto, com a difusão das redes, as pessoas estão priorizando o contato virtual, em detrimento do presencial, o que gera maior intolerância e indiferença aos assuntos coletivos.        Em primeiro lugar, apesar dos benefícios da internet, o uso excessivo dos aplicativos de contato promove, muitas vezes, a quantidade e não a qualidade da convivência. Sendo que o uso da rede traz a falsa sensação de interação e comprometimento. De acordo com o sociólogo Zygmunt Bauman, o individualismo é uma característica da pós-modernidade, em que muitos jovens e adultos vivem imersos em seus smarthphones, na ilusão de possuir popularidade e amizade. Porém, perdem a sensibilidade e a vontade de interagir pessoalmente, visto que no mundo virtual é preciso apenas aparência, não essência.        Por conseguinte, a gradativa diminuição da capacidade de ter empatia contribui para os discursos de ódio e para o falso ativismo. Essa tendência é observada, principalmente, na parcela da população que já nasceu na era digital e expõe suas ideias de forma passiva, sem se preocupar com as implicações de suas palavras. O escritor Paulo Freire fala sobre o poder transformador da educação. Assim, a propensão para o desrespeito a opiniões diferentes e para a inércia em relação a questões políticas e sociais, deve ser freada, para que a multidão de solitários virtuais possa se engajar em assuntos concretos e que façam diferença para o meio no qual vivem.        Deve-se, portanto, adotar mecanismos para que a população não perca suas habilidades de uma convivência cordial. Cabe ao Ministério da Educação criar disciplinas e promover debates voltados à inteligência emocional, à cidadania e aos limites do uso de equipamentos eletrônicos, visando mostrar às crianças e adolescentes a importância de aprender a se relacionar no mundo real. Já a família deve impor limites ao uso das redes sociais, estipulando horários para tal atividade, além de integrar os filhos em projetos de apoio a asilos, hospitais e orfanatos, a fim de influenciar o desenvolvimento da empatia e do senso de coletividade.