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Enviada em: 05/07/2018

Ao final do século XIX, sob o contexto da Segunda Revolução Industrial, surge no Brasil a narrativa naturalista, marcada pela vigorosa análise social e pelo estudo do coletivo. Nesse viés, destaca-se o nome de Aluísio de Azevedo e de sua renomada obra “O Cortiço”, que enfatiza as fatigantes relações de trabalho vivenciadas pelas personagens do romance. No entanto, apesar de ter sido escrita há mais de um século, a narrativa aluisiana mantém-se intimamente ligada à realidade do país, visto que a problemática retratada persiste, seja pela submissão do trabalhador a condições degradantes de trabalho, seja pelo aumento da taxa de desemprego no país.        Em primeiro lugar, convém ressaltar que o cenário parental vivenciado nas corporações pré-Revolução Industrial, em que o chefe e o operário viviam como uma família, foi substituído com o fortalecimento do capitalismo. Dessa maneira, as relações trabalhistas hodiernas são marcadas pela intensa exploração da mão de obra, submetendo, muitas vezes os trabalhadores a condições degradantes e a salários ínfimos. Prova disso é que, segundo dados do Ministério Público do Trabalho, mais de 160 mil brasileiros encontravam-se sob essa situação no ano de 2017, dialogando, dessa forma, com a canção “Cidadão”, interpretada por Zé Ramalho, que narra história de um pedreiro que, mesmo após se sujeitar a condições árduas de serviço, não consegue usufruir de sua produção, uma vez que sua remuneração é extremamente baixa.        Em segunda instância, o alto índice de desemprego no país contribui para uma menor abrangência das Leis Trabalhistas, criadas por Getúlio Vargas em 1943. Nesse âmbito, pesquisas do IBGE comprovam que em 2017, pela primeira vez após a Consolidação das Leis Trabalhistas, o emprego sem carteira assinada superou o trabalho formal. Desse modo, é notório que a população recorre, cada vez mais, a alternativas informais de ofício, deixando de usufruir de diversos direitos e ficando sem a proteção estatal no cenário empregatício, visto que não há oportunidades de trabalho formal para todos.        Mediante o exposto, torna-se imprescindível a alteração desse cenário preocupante. Destarte, é conveniente que os funcionários denunciem casos de exploração trabalhista, exigências hiperbólicas e salários abaixo do valor mínimo ao Sindicato dos Trabalhadores, que deve verificar o cumprimento das Leis Trabalhistas, a fim de dar mais dignidade aos empregados. Outrossim, cabe ao Governo gerar empregos nas áreas de manutenção do país, como os de gari, lixeiro e fiscais, com o fito de garantir trabalhos formais à população brasileira. Quem sabe assim, os problemas relacionados ao setor trabalhista permaneçam apenas na literatura nacional.