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Enviada em: 16/07/2018

Ao final do século XIX, sob o contexto da Segunda Revolução Industrial, surge no Brasil o movimento literário naturalista, marcada pela vigorosa análise social e pelo estudo do coletivo. Dentre os diversos autores dessa escola literária, destaca-se o nome de Aluísio de Azevedo e de sua renomada obra “O Cortiço”, que aborda as dificuldades trabalhistas vivenciadas pelas personagens do romance. No entanto, apesar de ter sido escrita há mais de um século, essa narrativa mantém-se intimamente ligada à realidade do país, visto que a problemática retratada persiste, seja pela submissão do cidadão a condições degradantes de trabalho ou pelo aumento da taxa de desemprego no país.    Primeiramente, é necessário salientar que o cenário familiar vivenciado nas corporações pré-Revolução Industrial, em que o chefe e o operário viviam como uma família, e de fato, muitas das vezes, eram realmente parentes, foi substituído com o fortalecimento do sistema capitalista. Dessa maneira, as relações trabalhistas contemporâneas são marcadas pela intensa exploração da mão de obra, submetendo, muitas vezes, os trabalhadores a condições degradantes e a salários ínfimos. Prova disso é que, segundo dados do Ministério Público do Trabalho, através do artigo "Lista suja do trabalho escravo", mais de 160 mil brasileiros encontravam-se sob essa situação no ano de 2018, sendo que 166 pessoas físicas ou jurídicas foram citadas nessa lista como empregadores que mantém condições inadequadas de trabalho, destacando-se o elevado número de fazendeiros do interior brasileiro.      Além disso, o alto índice de desemprego no país contribui para uma menor abrangência das Leis Trabalhistas, criadas pelo presidente Getúlio Vargas em 1943. Nesse âmbito, pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que, em 2017, pela primeira vez após a Consolidação das Leis Trabalhistas, o emprego sem carteira assinada superou o trabalho formal em quase 5%, por conta do alto índice de desemprego entre os brasileiros sem qualificação profissional. Assim, é notório que, sob o atual cenário, a população recorra a alternativas informais de ofício, deixando de usufruir de diversos direitos e ficando sem a proteção estatal no cenário empregatício.       Portanto, visto que a problemática afeta um grande contingente populacional, é necessário que medidas sejam tomadas. A primeira é a maior adesão dos profissionais aos sindicatos dos trabalhadores, bem como a criação de novos, visto que essas associações são responsáveis pela denúncia e combate à exploração trabalhista. Além disso, cabe ao Ministério da Educação, junto ao Ministério do Trabalho, criar cursos de capacitação gratuitos, com a intenção de contribuir com a especialização profissional dos brasileiros, facilitando o acesso a empregos formais. Dessa maneira, os problemas trabalhistas diminuirão, restando somente aos livros essa situação de exploração trabalhista.