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Enviada em: 15/05/2019

Instalado no Brasil com o aporte de mão de obra negra pós-escravatura e com o excedente imigratório europeu do século XX, o desemprego é um problema crônico-estrutural do Brasil e perfaz duro obstáculo para desenvolvimento econômico e qualidade de vida da nação. Longe de ser problema exclusivo brasileiro, entretanto, a falta de emprego é aqui hodiernamente agravada por medidas de combate ineficazes e por um cenário de disparidade profissional e má qualidade da educação, em um mundo de economias que prezam por hiperqualificação e uso de tecnologias.       Primeiramente, é importante ressaltar, que o desemprego no Brasil hoje atinge treze milhões de pessoas, segundo o IBGE, e as medidas tomadas para seu combate, como a flexibilização das leis trabalhistas, acarretaram de forma contraproducente na precipitação da precarização do trabalho e do subemprego. Filas se formam, corridas acentuadas pelo trabalho são cenas frequentes e, nesse ínterim, mulheres, negros e portadores de necessidades especiais sofrem mais do que a maioria com salários menores, oportunidades desiguais, em uma situação de disparidade imitadora do ambiente social. A própria percepção de meritocracia pela sociedade se esvai, afirma Celso Furtado.        Nessa perspectiva, os jovens acabam sendo os mais afetados, cuja experiência é restrita e as taxas de desemprego são três vezes maiores que nas demais classes, de acordo com o IPEA. Para esses, a pressão se faz ainda maior em um mercado que exige hiperqualificação, em um mundo cada vez mais competitivo, de perspectivas globalizadas de economia. É o que Marx chamou de “superpopulação relativa”, ao propor que quanto mais tecnologia agrega-se, menos trabalhadores são absorvidos. Percebe-se a real dinâmica capitalista, crua e vigente, que ao ir de encontro com o cenário brasileiro, de má qualidade na educação e baixa qualificação, exclui, desagrega ou mesmo produz uma massa de milhões a margem do sistema produtivo.        Assim, é fundamental a instituição de medidas que auxiliem na contratação de jovens e de grupos como mulheres e portadores de necessidades, com a promulgação de editais em órgãos públicos, pelas Secretarias de Trabalho e Renda, que ofereçam oportunidades de emprego com subsequente qualificação e capacitação para melhor inserção no mercado. Bem como, instituir grupos de orientação, pelos núcleos do Serviço Nacional de Emprego (SINE), através de cursos e palestras, com vistas a dialogar com a comunidade e apontar estratégias para superação deste quadro. Oferecendo não somente renda, mas oportunidade para os milhões que assim esperam.