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Enviada em: 07/05/2017

De volta à caverna       John Locke, em um de seus escritos, afirmou que, ao viver em sociedade, o indivíduo é obrigado a se moldar aos seus contornos. Em um mundo desigual, em que se segue uma lógica baseado no "compro, logo existo", os interesses individuais imperam em detrimento dos interesses coletivos. Com isso, surge a problemática do desequilíbrio entre consumo e sustentabilidade que se encontra intrinsecamente ligada à realidade do país e se mostra consideravelmente nociva à vida em comunidade.       É indubitável que a sociedade de consumo em massa criada pelo capitalismo está entre as causas do problema. As pessoas, atualmente, parecem viver um escurecimento progressivo de suas ideias e valores, numa jornada inversa à da busca da humanidade pela luz, descrita no mito da caverna de Platão. Pode-se perceber que os princípios capitalistas distanciam os indivíduos de uma consciência socioambiental ao valorizar os gastos como um meio para a felicidade, o que gera uma alienação e a perpetuação do pensamento equivocado de que os recursos naturais são, de fato, inesgotáveis.       Outrossim, destaca-se a lenta mudança de mentalidade social como impulsionadora dessa problemática. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira de pensar e agir, dotado de coercitividade, generalidade e exterioridade. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que o rompimento da harmonia entre o consumo e a sustentabilidade pode ser encaixado nessa teoria, haja vista que, se uma criança reside em uma família com o hábito do consumo desenfreado de produtos que a produção resulta em impactos ambientais, tende a adotá-lo por conta da vivência em grupo. Assim, faz-se valer, também, a máxima de Jean-Paul Sartre:"o homem é fruto do meio em que está inserido".       Torna-se perceptível, por conseguinte, que tal desequilíbrio é fruto tanto dos efeitos do capitalismo, quanto da ausência de uma percepção das limitações do planeta como intenso fato social. Para modificar esse cenário, é preciso que a escola, em conjunto com os pais, organizem palestras e rodas de conversa sobre como contribuir para um desenvolvimento sustentável, com o objetivo de melhorar a postura das novas gerações perante o mundo em que vivem. Ademais, é dever do Governo Federal, juntamente com a mídia, difundir campanhas e comerciais que denotem os danos do consumismo irresponsável, para que haja uma conscientização em massa. Dessa forma, poder-se-á evitar que a humanidade faça seu caminho de volta à caverna.