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Enviada em: 28/09/2017

Luto sem fim          Era véspera de Dia dos Pais quando Amanda saiu para um festa caipira da escola e nunca mais voltou. Nesse sentido, Amanda é uma das milhares de pessoas que desaparecem todo ano no Brasil. Assim, se junta a outras histórias de famílias que sofrem até hoje com o drama de perder de vista, da noite para o dia, um familiar. Além disso, calcula-se que a cada 15 minutos uma criança desaparece no país. Entretanto, ao fazer uma análise mais consistente, entende-se que os conflitos domésticos e os problemas de saúde convergem para essa problemática.          Em uma primeira análise, observa-se que um dos motivos que responde por boa parte dos casos é a violência doméstica. Isso em razão da questão histórica, já que nosso processo de colonização foi marcado pela escravidão e sujeição dos povos originários, em que a disciplina e o poder foram colocados a partir da força física. Bom exemplo disso são as pessoas que abandonam seus lares por causa de conflitos insignificantes entre pais e filhos, como o fato de um pai não deixar a filha ir para o cinema até casos de agressões físicas ou de abuso sexual. Em virtude disso, o desaparecido civil, sem demonstrar previamente a vontade de partir, deixa sua família e seu elo afetivo e nunca mais é visto. Assim, é fundamental desenvolver práticas de sociabilidade no universo familiar para evitar o pior.        De acordo com o psicólogo Ronaldo Rodrigues Frois, a depressão pode causar no indivíduo um desejo de se afastar. Isso porque o ato de largar os familiares e abandonar todas as coisas, faz com que o sujeito ''fuja de si mesmo'' e pouco a pouco, esqueça sua identidade e o ambiente que motivou seu descontentamento. Tal situação é ratificada pela falta de interesse do mundo exterior, tanto do sumido quanto da família, uma vez que a incerteza do que ocorreu com seu ente querido deixa um vazio, que faz com que eles não sigam sua vida e fiquem presos na expectativa da volta do mesmo, haja vista aquelas pessoas com depressão que fogem de suas famílias e vão parar nas ruas. Dessa forma, o primeiro passo para diminuir essas ''fugidas'' é ter um bom acompanhamento médico.    Torna-se evidente, portanto, que a mudança de comportamento em relação às pessoas desaparecidas precisa ser permanente no Brasil. Com o propósito de reduzir esse problema social, é preciso que o Ministério da Justiça crie uma política efetiva de combate aos conflitos familiares, recorrendo a métodos de solução, como a justiça restaurativa, a fim de ser mais efetivo nesses casos para aumentar a relação fraterna e emocional entre os envolvidos. Ademais, cabe a família identificar os estados de confusão mental dos indivíduos, por meio de percepções do comportamento a fim de intervir de forma preventiva para o tratamento adequado. Só assim o luto das famílias terminará.