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Enviada em: 03/08/2018

Para Sócrates, o desenvolvimento pleno do homem só poderia ser alcançado quando fosse estimulada a construção de habilidades esportivas e artísticas. Nesse ínterim, mais que ferramenta possibilitadora de equilíbrio corporal, o esporte guarda em si o protagonismo necessário para provocar transformações profundas, as quais fomentam crescimento pessoal e coletivo. Assim, urge explicitar as vertentes valorativas e sociais dos desportos que, incentivadas, podem catalisar a elevação humana.   Em primeiro lugar, convém considerar a formação de princípios proposta pela prática esportiva. Consoante a Immanuel Kant, os indivíduos alcançam a ética em sua totalidade apenas quando encontram a maioridade moral, esfera na qual tornam-se capazes de assumir noções de dever. Nessa perspectiva, as premissas de disciplina e jogo limpo fundamentadas pelo esporte são o reflexo concreto da apreensão de conceitos cidadãos. Dessa forma, pelo contato esportivo, é possível legar saberes muito superiores à própria vitória, grande instrumento para mitigar situações de marginalização e criminalidade.    Ademais, é essencial destacar a democratização peculiar propiciada pelos exercícios esportivos. "O importante é competir", acreditava o Barão de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos da Modernidade, destacando o sentido mais profundo de agregação presente nos desportos. Com efeito, a inclusão de crenças, condições e culturas diversas, unidas em torno de um único acontecimento, demonstra, acima de tudo, a propagação das distinções como engrandecedoras e não enquanto empecilhos. Exemplo desse sentimento, as Paralimpíadas, mais que medalhas, coroam a conquista de empoderamento, a ampliação de horizontes daquilo que, antes, era mazela insuperável.    Torna-se evidente, portanto, a necessidade de elevar a escala de atuação desportiva e projetar os benefícios por ela proporcionados. Faz-se imperioso que o Ministério dos Esportes, junto às escolas e iniciativa civil, incite ações dessa natureza, expandindo a gama de contemplados pelas atividades em questão. Para tanto, cabe elaborar plano pedagógico que diversifique e atualize a Educação Física no ensino regular, por meio da formação continuada dos professores e investimentos em estrutura para esportes distintos, bem como jogos escolares, os quais congreguem a diversidade de modo lúdico. Outrossim, é válido convidar ONGs especializadas na difusão das modalidades adaptadas para que, com o suporte fundamental, todos os discentes sintam-se convidados a construir identificação com alguma das categorias possíveis. Dessarte, será tangível alcançar a soberania individual já preconizada pelo ideal socrático.