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Enviada em: 10/08/2018

Praticado por descendentes de europeus e filhos das elites abastadas brasileiras, o futebol chegou ao Brasil no início do século XX. Nesse viés, por ser realizado em requintados clubes das grandes cidades, o esporte foi encarado por Mário de Andrade, em sua obra “Macunaíma”, como uma praga que, assim como o bicho-do-café e a lagarta-rosada, infestava o país. Entretanto, contrariando o pensamento expresso na rapsódia modernista, as práticas esportivas atuam hoje no caminho oposto ao segregacionismo e promovem a inclusão social, seja por funcionarem como ferramenta de ascensão, seja por estimularem a participação de pessoas portadoras de deficiência.        Em primeiro lugar, convém ressaltar o esporte como perspectiva para a redução da desigualdade social. Nesse âmbito, inserem-se os projetos como o Segundo Tempo e a Central Única das Favelas, que têm como função incentivar as atividades esportivas entre crianças de baixa renda, tendo em vista o potencial do esporte na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. Prova disso, é a história de Neymar Júnior, natural da periferia de São Vicente que, por meio da dedicação ao futebol, tornou-se um dos jovens mais promissores do país. Dessa forma, nota-se que, ao somar as modalidades esportivas à dedicação e à determinação, tem-se justificado o pensamento de Nelson Mandela, de que o esporte tem força para mudar o mundo.        Em segunda instância, se por um lado as práticas esportivas funcionam como meio de ascensão, por outro, o esporte corrobora o processo de inclusão de indivíduos portadores de necessidades especiais no contexto social. Nessa vertente, dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no ano de 2017 indicavam que um quinto da população era composta por deficientes físicos ou mentais. Em consonância com esse estudo, pesquisas do Ministério da Saúde mostram as práticas esportivas como principal maneira de inclusão dos cidadãos portadores de deficiência na esfera grupal, por promoverem a socialização e o sentimento de pertencimento à sociedade.        Mediante o exposto, torna-se evidente a importância das modalidades esportivas na manutenção social. Logo, cabe ao Ministério do Esporte, em parceria com a iniciativa privada, financiar a construção de centros desportivos, como quadras e escolas de dança, que contem com a presença de profissionais no processo de ensino e aprendizagem especial, de acordo com a demanda de cada população. Destarte, é conveniente que a mídia faça pesquisas nas áreas de maior vulnerabilidade social, com o fito de coletar dados sobre as modalidades mais bem quistas pelo público local e o perfil dos moradores dessas regiões, a fim de auxiliar o processo de universalização dos exercícios. Quem sabe, assim, a concepção do esporte como algo ruim fique restrita aos pensamentos do “herói sem nenhum caráter”.