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Enviada em: 07/09/2018

Rafaela Silva, campeã de judô nas Olimpíadas de 2016, viveu a infância e parte da adolescência na Cidade de Deus- uma das comunidades mais violentas e pobres do Rio de Janeiro- e teve perspectivas de vida transformadas e ampliadas devido ao esporte. Esse é um dos exemplos que comprovam que a prática esportiva é uma ferramenta de inclusão. Entretanto, esta continua sendo pouco acessível à população, de maneira geral. Isso porque, não raro, há a falta de investimento governamental, ocorre supervalorização da modalidade futebolística, entre outros motivos.    Em primeiro lugar, o esporte, o qual acarreta inúmeros benefícios, como o desenvolvimento pessoal, reconhecimento de responsabilidades e inserção social, é, muitas vezes, desvalorizado pelo Estado brasileiro, haja vista que houve um corte de 87% do orçamento do Ministério do Esporte para 2018, por exemplo. Além disso, existem inúmeros casos de desvios de verbas que deveriam ser destinadas ao esporte. Dessa maneira, a prática esportiva sofre, recorrentemente, com a falta de investimentos, acarretando precariedade de infraestrutura e profissionais tanto no âmbito escolar quanto social, principalmente em regiões miseráveis, nas quais o desporto seria extremamente significativo para os cidadãos.    Ainda convém ressaltar que, por meio da notória fama de "nação do futebol", diversas vezes, outras modalidades esportivas são menosprezadas no Brasil, e, portanto, tornam-se, em sua maioria, esportes considerados elitistas. Ademais, ocorre, não raro, o preconceito contra o esporte para pessoas com necessidades especiais. Tal preconceito pôde ser notado de maneira explícita, entre outros casos, quando nos Jogos Olímpicos de 2016 a mídia televisiva transmitiu ao vivo todos os eventos, porém nas Paraolimpíadas do mesmo ano somente realizou boletins rápidos e somente sobre conquistas mais relevantes.    Dessa forma, é imprescindível que o esporte seja reconhecido como uma ferramenta de inclusão social no Brasil. A fim de que isso ocorra, é necessário que o governo federal direcione mais verbas para o esporte, por intermédio de corte de gastos em áreas de menor urgência, bem como deve fiscalizar e punir concretamente o desvio de dinheiro direcionado ao esporte, através de penas mais longas e criação de um comitê relacionado à essa problemática. Outrossim, é de suma importância que o governo ocasione divulgação da Lei de Incentivo ao Esporte, por meio de, por exemplo, propagandas televisas. Além disso, é preciso que as escolas de todo o país, em conjunto com o Ministério do Esporte, ampliem as aulas de educação física, de maneira a realizar atividades variadas e de caráter mais inclusivo. Afinal, como afirmava Aristóteles: o homem é naturalmente um ser social e político.