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Enviada em: 02/10/2018

Na obra pré-modernista “O triste fim de Policarpo Quaresma”, o escritor Lima Barreto constrói um personagem nacionalista ufânico, de modo que a paixão em demasia pela pátria demonstre, na verdade, uma alienação.Já no Brasil contemporâneo, tal idolatria torna-se incoerente devido à falta de valorização do esporte como alicerce à inclusão social de cidadãos periféricos e com doenças psicológicas. Assim, faz-se ímpar adoção de medidas as quais visem remediar essa problemática. A priori, atividades esportivas em áreas de instabilidade social podem afastar jovens da criminalidade. De acordo com a Teoria do Poder do sociólogo Michel Foucault, os gregários tendem a disputar entre si constantemente pela supremacia no ambiente que vivem. Como a ação do Estado em áreas pobres, como favelas, costuma ser insipiente, os criminosos do tráfico costumam dominar tais regiões, convocando constantemente adolescentes ociosos para ingressar nesse mercado ilegal. Nesse sentido, projetos esportísticos seriam um mecanismo de driblar a marginalidade, pois ocupar o jovem em treinos  para competições nacionais permite uma perspectiva de futuro melhor do que aquela oferecida pelos traficantes, os quais são mortos muito novos. Outrossim, exercícios físicos coletivos auxiliam na reabilitação de indivíduos com transtornos psicológicos. No livro "Ensaio sobre a Cegueira", o escritor José Saramago faz uma analogia entre as cegueiras física e moral, já que os seres pós modernos agem com indiferença entre si. Essa máxima se assemelha à realidade de brasileiros, os quais apresentam quadro de isolamento social advindo de transtornos emocionais, mas que continuam afastados devido à falta de empatia dos seres circundantes. Nessa perspectiva, atividades coletivas, como basquete e futebol, poderiam ser uma forma de tratamento dessas doenças, haja vista que o esporte estimula habilidades de comunicação e cognição, as quais costumam ser deprimidas pelas doenças psicológicas. Dessa forma, com a interação esportiva, pessoas com Síndrome do Pânico, por exemplo, poderiam ter um quadro de melhora mais rápido e conseguiriam se encaixar novamente no seio social. Portanto, é evidente a importância do esporte à inserção social. Para que essa prática seja mais pluralizada, ONGs de caráter humanitário poderiam investir em Olimpíadas entre morros e favelas, nas quais os moradores anualmente sejam treinados por educadores físicos e compitam entre si em diversas modalidades, com intuito de afastar os jovens do tráfico.Ademais,o Ministério do Esporte poderia conceder incentivos fiscais às empresas as quais proporcionassem espaços para esportes coletivos aos seus funcionários, a fim de estimular a reinserção dos doentes na comunidade laboral a qual convivem. Certa feita, finalmente,Policarpo Quaresma poderia ter orgulho da nação brasileira.