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Enviada em: 29/08/2017

A vitória brasileira na copa de 1970 e a forma com que esse evento foi utilizado para validar um contexto político autoritário demonstram como o esporte interage com a esfera social. Logo, pode-se cogitar o uso da prática esportiva, contrariamente à ditadura, de forma benéfica, promovendo inclusão. Com esse fim, uma ampla discussão acerca desse assunto, seja pelo estereótipo da carreira esportiva, seja pelo interesse inconstante da população, é válida.       O esporte é historicamente visto, no Brasil, como uma carreira prejudicial à futura execução, pelos jovens, de trabalhos considerados financeiramente estáveis, sendo, portanto, desestimulado por várias famílias. Por conseguinte, sob a visão de Wilhelm Reich em que as sociedades constroem princípios para legitimar seus comportamentos, o atleta constitui uma quebra desses valores coletivos em certos casos. Logo, a prática física adquire, através de analogia ao conceito trabalhado pelo filósofo  Claudio Mello Wagner, aspecto de entidade “indesejável”,sendo isolada de vários âmbitos da vida. A materialização dessa perspectiva ocorre, implicitamente, na segregação sofrida pela disciplina de Educação Física, que é negligenciada por alunos e até alguns profissionais das instituições de ensino.        Outrossim, vale ressaltar o caráter prejudicial da exaltação intermitente do esporte. Como, no geral, valorizam-se apenas personalidades vencedoras de campeonatos periódicos, percebe-se uma conjuntura voltada para a exacerbação de vitórias e esquecimento dos meios para atingir objetivos. À vista disso, o desejo por conquistas assume o papel de primeiro motor (força primordial), em uma concepção semelhante ao Tomismo medieval, para a prática esportiva, substituindo ideais como dedicação ou compromisso. Tal realidade é constatada na popularização do surf, nos meios de comunicação, após o triunfo de Gabriel Medina, não havendo, anteriormente, debates sobre sua trajetória de vida, visando a uma melhoria nas condições para futuros campeões.       Infere-se, destarte, que é necessário transpassar os obstáculos supracitados no tratamento conferido ao esporte para usufruir de seus benefícios na propiciação de inclusão. Inicialmente, é essencial que o Ministério do Esporte aliado a emissoras exiba documentários na rede aberta, discutindo a melhoria que a prática esportiva pode fornecer aos estudantes e profissionais do país, retirando o estigma de ociosidade intelectual dos simpatizantes de atividades físicas. Para mais, é fundamental que as Prefeituras Municipais junto ao civis atuem na organização de torneios esportivos, com patrocínio de empresas locais, entre os habitantes, desenvolvendo um sólido e constante interesse dos cidadãos pelo esporte. Isto posto, é possível segundo a lógica de Chico Xavier, não transformar os problemas passados, mas criar as diretrizes de um futuro melhor para a temática desenvolvida.