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Enviada em: 18/09/2017

Mundialmente conhecido como o país do futebol, o Brasil tem disseminado cada vez mais a importância das práticas esportivas. Com o passar do tempo, o aspecto social tem se atrelado ao esporte de modo a promover situações além do âmbito corporal. No entanto, é válido que se analise quão eficiente está sendo esse processo de integralização de questões sociais em um meio majoritariamente físico.       Em "Handsome Devil", produção de 2016, o esporte é apresentado como a fonte de subsistência de um grupo de jovens. O capitão, homossexual, usa o rugby como refúgio diante do preconceito constante. No entanto, a realidade acaba sendo um pouco diferente. A exemplo disso, é possível citar o caso do jogador brasileiro de vôlei, Israel, que ouviu da torcida ameaças de morte por ser gay. Por mais que esse caso tenha ficado apenas na agressão verbal, outros 117 sofreram a concretização de tais prenúncios, segundo o Grupo Gay Bahia (GGB). A falta de preparação da sociedade quanto as minorias dificulta o processo discussões sociais por meio do esporte, levando a casos constantes de preconceito explícito e até mesmo, em casos extremos, à morte.        O anúncio do Brasil como sede das Olimpíadas 2016 reverberou pelo território inteiro, tendo em vista que o esporte é algo tão aclamado na sociedade do país. Contudo, os casos de xenofobia, machismo e homofobia só serviram para provar que o processo de aceitação é algo lento no lugar conhecido por sua miscigenação. A atleta Rafaela Silva sofreu tais preconceitos por meio de ataques nas redes sociais. Negra e advinda de uma favela, os comentários descreviam-na como "macaca". A partir de casos como este, fica claro que a inclusão por meio do esporte é necessário, mas ainda precisa de ajustes para que tenha pleno funcionamento e se atinja os objetivos idealizados.        Muito pode ser feito a partir do uso do esporte para fins sociais. Portanto, cabe ao Estado, associado ao Ministério da Educação (MEC), rever a ementa de disciplinas como educação física e artes de modo a promover melhorias além do viés corporal. A metodologia da pedagogia libertadora, de Paulo Freire, pode ser trabalhada junto ao Teatro Fórum, de Augusto Boal, tendo em vista que, juntos, podem proporcionar debates sociais por meio do exercício físico. As ONGs devem trabalhar o conceito de etnocentrismo, visando ensinar que o julgamento dos valores de outra pessoa com base nos seus é algo incoerente. Assim, pode-se dar início ao processo de diminuição do preconceito e do individualismo pós-moderno estudado pelo sociólogo Zygmunt Bauman.   .