Materiais:
Enviada em: 02/11/2017

Historicamente, o Brasil sempre foi um país onde o esporte possui um grande valor de aproximação cultural, como por exemplo na capoeira, que representa a afirmação da identidade africana no país. Entretanto, devido à crescente comercialização das atividades físicas, elas vêm assumindo novos valores na cultura nacional, muitas vezes opostos ao ideal de inclusão e diversidade. Dessa forma, cabe tratar o esporte como uma ferramenta de integração entre diferentes grupos, apesar disso, dentro do contexto atual, também pode ser um mecanismo de exclusão.        De fato, deve-se reconhecer que,em casos positivos, o esporte tem um alto poder de transformação da condição de vida, ultrapassando barreiras econômicas e sociais, graças à capacidade de reflexão sobre o compromisso e o trabalho em equipe que a sua prática gera. Nesse contexto, cabe analisar o caso de Rafaela Silva, lutadora de judô de origem humilde, que ganhou a medalhe de ouro nas olimpíadas de 2016. Apesar de o judô ser um esporte de lutas individuais, Rafaela reforça que o mais importante era sua relação com a equipe de treino. É esse espírito coletivo que reflete na juventude, pois como mostrou o pesquisador Rubem César, jovens que têm acesso aos esportes em suas escolas tendem a ter um índice muito menor de desistência dos estudos.         No entanto, quando os esportes são apresentados sem seu valor educacional e somente como espetáculo, há a criação de um ideal excludente. Atualmente é comum se ver em propagandas pessoas e produtos que chamam atenção para a busca do desempenho máximo e a competitividade, incentivando esses comportamentos, e apesar de tais ideias terem seu valor, quando se tornam o centro de uma atividade levar a comportamentos nocivos. Nesse contexto, torna-se normal a supervalorização do físico na sociedade, até mesmo quando essa é danosa para a saúde, enquanto, ao mesmo tempo, aqueles que não se adéquam ao padrão corporal são excluídos.         Portanto, é evidente que o esporte possui o potencial de transformação social, mas, se apresentado de forma tendenciosa e voltado ao lucro, também é capaz de gerar o efeito oposto daquele considerado benéfico. Para evitar tal possibilidade, o Governo, principalmente por meio do Ministério da educação, deve aumentar a presença do esporte no ensino, garantindo que aulas de educação física não sejam extintas durante o Ensino Médio, como ocorre em muitas escolas, intercaladas com atividades que não foquem somente no físico, mas também nos ideias de time e igualdade. Ademais, deve haver um incentivo para projetos como o Bolsa Atleta para aqueles mais engajados. Assim, a juventude terá uma educação mais ampla e capaz de criar cidadãos mais dignos.