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Enviada em: 12/05/2017

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o preconceito contra os povos indígenas consolidou-se e permaneceu forte. Na tão lembrada Carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão mais famoso da história do país contava sobre a presença de um povo que, sob os olhares europeus de soberania, precisava ser civilizado: os índios. Tais colonizadores fizeram o trabalho sujo do genocídio, mas a sociedade ainda contribui para que a situação não pudesse ser revertida. Os povos indígenas, então, uma vez despidos de voz e terra, continuam, dia após dia, sendo dizimados. É preciso fazer o caminho inverso ao que trilhou-se um dia e repensar essa soberania.            Com efeito, é preciso destacar que, na literatura brasileira, o romantismo teve sua manifestação dividida em fases na qual a primeira ficou conhecida como indianista. Tal movimento teve em suas raízes o nacionalismo e a idealização do índio como herói da nação. Contudo, essa exaltação indígena é contraditória ao contexto histórico do país na medida em que essa parcela da população foi explorada, marginalizada e teve grande parte da sua cultura, valores e seus integrantes dizimados. Dessa forma, a valorização dessas tribos é essencial à construção de uma pátria que possui uma identidade característica do país.            A questão cultural não é, contudo, o único problema. Além de tudo, os índios brasileiros ainda têm de lutar pela terra. Isso porque a bancada ruralista do país vem tomando terras indígenas para alocar sua atividade comercial, a agricultura e a pecuária. Dessa forma, tais conflitos são geralmente vencidos pelos mais poderosos e já vitimaram centenas de índios nas últimas décadas. Essa situação vem impedindo o avanço de qualquer tentativa do governo ou de ONGs que atuem na causa indígena, de assegurar seus direitos, como consta na Constituição Federal.            É indispensável, portanto, que a exclusão do índio seja debatida e tratada respeitando seu direito e sua integridade. Cabe a Receita Federal repassar mais impostos para estados e municípios que compreendam áreas indígenas, visando melhoria no sistema de saúde, educação e transporte. Faz-se necessário, também, que a população cobre resoluções do Executivo quanto ao avanço da agricultura e pecuária nessas terras, garantindo a vida e o sustento desses povos. Além disso, o fortalecimento de dispositivos legais, tal como a FUNAI, que foca exclusivamente no índio brasileiro devem ser aperfeiçoados e valorizados para que sua função de proteger e promover os direitos dessa minoria sejam espalhados e absorvidos pela sociedade. Cabe, ainda, às escolas e ONG’s a promoção de palestras que eduquem a sociedade quanto à importância do respeito à sabedoria indígena e ao seu caráter fundamental na formação da cultura brasileira.