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Enviada em: 14/05/2017

Desde o século XVI, o índio vem sofrendo diversos atentados contra a vida e sua cultura. O genocídio causado pela colonização diminuiu, segundo o IBGE, em mais de 25% essa população, o idioma - que passou de 1,5 mil para 274 - e os costumes sofreram influências estrangeiras e eram discriminados pelo pensamento eurocêntrico. Apesar da Constituição de 1988 assegurar os direitos destes cidadãos, a situação atual ainda é alarmante, pois eles enfrentam conflitos agrários, preconceito étnico, pouco acesso à educação e desemprego. Ainda assim, muitos brasileiros julgam-nos como preguiçosos, assim como Mário de Andrade descreveu "Macunaíma", o herói sem nenhum caráter.    Esse preconceito tem raízes históricas e é notado com frequência no cotidiano da sociedade. As crianças só conhecem o índio no dia 19 de Abril, quando são pintadas e usam cocar feito de cartolina. Os professores não as ensinam sobre a importância daqueles para a formação da identidade do Brasil e os pais, por também terem essa mesma educação, não se preocupam com a visão que seus rebentos terão desse povo. Além disso, quando se pensa no indígena, o estereótipo de selvagem e com as “vergonhas” à mostra, igual a descrição feita por Pero Vaz de Caminha, é o que vem à mente da maioria dos brasileiros e, quando olham para um que não se enquadra nessa rotulação, julgam como “falso índio”. Dessa maneira, a escola tem a tarefa de quebrar estigmas e educar com base na diversidade étnica, mostrando todas as dificuldades que essa minoria passa para sobreviver.    Decerto, os nativos não possuem seus direitos por completo, cabendo aos órgãos como a FUNAI e o Ministério Público Federal (MPF) lutarem pela garantia da equidade, principalmente, quando se trata da demarcação de Terras Indígenas (TIs). Recentemente, ocorreu um conflito no Maranhão entre índios e fazendeiros, causado pela posse de uma área que está há três anos em embate para devolução ao povo Gamela. Essa demora para regularizar as Tis tem suas causas nos interesses da bancada ruralista, que pretende legalizar latifúndios e explorar economicamente esses territórios, em prol do agronegócio. Assim, é lamentável a problemática que os primitivos passam atualmente, sendo obrigados a migrarem para as cidades em busca de emprego e melhores condições de vida.    Para que se reverta esse cenário dramático, portanto, é necessário a atuação conjunta entre MPF e ONGs a fim de garantirem os direitos básicos negligenciados aos 240 povos indígenas que restaram no país. É preciso que o poder Executivo tenha agilidade nos processos de demarcação das TIs e que a FUNAI fiscalize de forma mais eficaz a posse destas, penalizando os não-índios que ocuparem-nas de forma ilegal. Além disso, os órgãos municipais devem investir em projetos de geração de renda sustentável, através da agricultura e do artesanato. Só assim, ter-se-á igualdade entre todos da nação.