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Enviada em: 15/05/2017

A cena de português e índio entrando em contato um com o outro, é um dos fatos mais narrados da história. Essa descrição de choque de mundos e culturas que marcou o processo de formação do Brasil reflete até hoje no país. Questões e conflitos indígenas permeiam todo território brasileiro, sobretudo, na atualidade. Nesse contexto, encontra-se em foco a valorização cultural desses povos nativos e os embates envolvendo a apropriação das terras.    É inegável que a cultura indígena está intrínseca no cotidiano do brasileiro, desde a fala até os costumes. No entanto, esse valores são pouco reconhecidos, haja vista a apropriação cultural sofrida historicamente por esses povos. A chegada e a sobreposição da cultura européia, fez com que até hoje, essa cultura fosse mais valorizada do que a dos povos nativos, que representam as raízes da brasilidade. Porém, desconstruir essa visão eurocêntrica, e agregar valor a cultura indígena é um processo lento que deve, sobretudo, reconhecer que a cultura de tais povos é dinâmica e, atualmente, já não se comporta como a cinco séculos atrás. Nesse sentido, movimentos artísticos como o modernismo, tiveram uma grande relevância no âmbito de desconstruir os padrões românticos da cultura indígena brasileira.    Além do universo cultural, o índio está em foco quando se trata das questões fundiárias do Brasil. Desde a constituição de 1988 foi declarado que os índios são os "povos primeiros" do Brasil, e por isso a homologação de suas terras é um direto primordial. No entanto, este conceito encontra-se apenas no papel, pois na prática esbarra na justiça e nos interesses econômicos de proprietários de terras e empresas. Nesse ínterim, as terras indígenas (TIs) são amplamente cobiçadas por projetos econômicos como os de mineração, estima-se que um quarto das terras indígenas localizadas na Amazônia são pressionadas por interesses de mineradoras. Esse conflito é ainda mais agravante devido a lentidão da justiça em reconhecer e demarcar territórios requisitados, facilitando a exploração das terras por criminosos que realizam extração ilegal. Infelizmente, o embate territorial dificulta a preservação dos recursos naturais e da própria cultura indígena.    Portanto, é necessário promover um processo de valorização da cultura do índio, bem como reduzir os conflitos territoriais. Para isso, a mídia pode através da arte cinematográfica - filmes e documentários em horários nobres - promover o início do processo de desconstrução do olhar eurocêntrico, assim como apresentar uma visão crítica comparando a cultura primitiva indígena com a atual. Além disso, a FUNAI deve promover a fiscalização rígida da terras indígenas homologadas, através de visitas periódicas e monitoramento por satélite como é feito pela SIVAM ( Sistema de Vigilância da Amazônia).