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Enviada em: 27/05/2017

Quando José de Alencar escreveu seu livro "O Guarani", em meados do século XIX, a figura do índio no Brasil era romantizada ao ponto de o elegerem como herói nacional, semelhante ao cavaleiro medieval na Europa. Atualmente, nos níveis iniciais de ensino, a imagem indígena brasileira é tratada como estereótipo folclórico, pintado, fantasiado e distante de nossa realidade social. Contudo, o índio brasileiro em questão na contemporaneidade não é mais aquele de 1500, tampouco, o mito folclórico ensinado nas escolas. A inclusão de ações afirmativas para inserção de populações indígenas no ensino superior foi demandada pelos debates acerca desta questão na primeira década dos anos 2000. Seu desdobramento deu origem à lei nº 12.711/12 que trata da reserva de vagas proporcionais à essa população nas universidades públicas brasileiras. Além de funcionar como pagamento de uma dívida histórica com os indígenas, as cotas são reflexo de reivindicações desse povo que ao sair do ensino médio deseja continuar sua formação. Sendo assim, é possível percebermos que os índios estão cada vez mais inseridos no cotidiano de nossa sociedade e afastados do estereótipo criado sobre sua figura. Do mesmo modo, os conflitos entre indígenas e latifundiários vem sendo destaque nos últimos meses. Segundo a revista Carta Capital, em 30 de abril deste ano, os índios da etnia gamela sofreram ataques de homens munidos de armas de fogo e facões, no Maranhão. Embates desse tipo devem-se ao fato do Estado ausentar-se na agilização de processos de demarcação de terras indígenas em território nacional. Esses índios têm necessidade de terem suas terras reconhecidas para poderem realizar suas atividades produtivas e expressarem sua cultura e tradições. É evidente, portanto, que há necessidade de ações que contribuam com a solução desses obstáculos. Assim, órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) devem estabelecer metas para o governo aumentar a inclusão de índios no ensino superior, aperfeiçoando as leis existentes. Conjuntamente a esses órgãos, a sociedade civil pode organizar-se junto à ONGs e movimentos sociais para pressionarem o Estado a agilizar os processos de demarcação de terras indígenas por meio de abaixo-assinados, a fim de cessarem os conflitos entre índios e latifundiários. Talvez assim, as questões indigenistas no Brasil possam ser motivo de maior visibilidade para esta etnia que esteve presente desde o início da formação do povo brasileiro.