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Enviada em: 13/09/2017

Na famosa Carta de Pero Vaz de Caminha ao governo lusitano durante a colonização do Brasil, os autóctones são descritos, sob a ótica de soberania portuguesa, como povo que precisa ser catequizado e civilizado. Hodiernamente, tal visão etnocêntrica permanece intrínseca na sociedade brasileira, o que se verifica na falta de representatividade desses grupos e na necessidade de lutas pela garantia de direitos fundamentais, que deveriam ser inerentes a eles, situação que demanda mudanças.       A falta de engajamento da sociedade na luta pelas causas indígenas é um dos fatores que dificultam a vida desses indivíduos na modernidade. Isso se deve ao estigma social criado em relação a cultura indígena, que é lembrada apenas no dia 19 de abril. Seja no cinema, na televisão ou em produções artísticas, raramente os índios ocupam um papel de destaque, ou são retratados por meio de esteriótipos, reiterando a segregação já existente. A representatividade, contudo, é imprescindível no processo de reconhecimento dessa parte da população e uma forma de discutir o tratamento a que são submetidas pela nação.       Em consonância, está a visão capitalista de órgãos governamentais que priorizam o lucro em detrimento de valores sociais de uma minoria. Com o agronegócio representando mais da metade do PIB do Brasil e com a presença de bancadas ruralistas no governo, o direito à grandes extensões de terra para a manutenção do modo de vida dos índios é dificultado e frequentemente violado, causando inúmeras mortes e até mesmo a extinção de etnias em conflitos de posse. Dessa forma, é preciso aliar interesses econômicos do país às necessidades sociais de seu povo.       Infere-se, portanto, que a visibilidade da questão indígena na sociedade e no campo político transfiguram caminhos eficientes para o combate aos impasses vigentes. Para isso, faz-se mister que o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério da Educação, promovam oficinas sobre as culturas indígenas nas escolas. Além disso, esses órgãos, juntamente com ONGs, devem divulgar campanhas nos meios televisivos e de internet sobre a importância desses povos na construção da identidade nacional, com o fito de gerar na sociedade o sentimento de pertencimento à luta dessa classe. Ademais, cabe ao Governo Federal dar voz aos principais afetados, discutindo acordos de posse de terras com a participação da FUNAI e de líderes indígenas, na tentativa de conciliar interesses divergentes. Diante disso, o país poderá caminhar lentamente rumo à resolução da problemática.