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Enviada em: 12/06/2017

Literatura de sangue       Na vertente indianista, movido por um nacionalismo, o índio era frequentemente exaltado pelos escritores românticos. José de Alencar, por exemplo, fora um dos expoentes do romantismo e buscou por um herói nacional no cenário pós-independência brasileiro.  Contudo, longe da ficção a história indígena desdobra-se para outro caminho. Principalmente no que se diz respeito às demarcações das terras, bem como a perda de sua identidade cultural.       Cabe destacar, em primeiro lugar, o panorama político do Brasil a fim de entender demais interesses. O parlamento brasileiro infelizmente é representado em sua maioria por uma bancada ruralista, isto é, representantes do agronegócio. A situação, no entanto, torna-se preocupante quando tal grupo justifica que a demarcação das terras indígenas seria um retrocesso para a economia do Estado. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), por exemplo, é um projeto polêmico nesse sentido, que altera as demarcações das áreas culminando em conflitos.       Por outro lado, a questão torna-se mais conturbada quando envolve o aspecto cultural. O livro Crisântemo e a Espada, de Ruth Benedict levanta uma discussão interessante ao afirmar que: "Cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo." Aplicando essa ideia na contemporaneidade, é visível um comportamento de indiferença por parte de muitos, que se expressa no ato de ignorar a cultura de um povo. Isto é, adotar sua cultura em detrimento a outra.  Fechar os olhos para a figura indígena é negligenciar uma identidade cultural tão importante quanto a nossa e que confere a um grupo o sentimento de pertencimento e conexão com sua terra.         Fica evidente, portanto, que a discussão acerca do índio é ainda esquecida e adiada em função  de um sistema político que privilegia interesses de uma minoria gritante. Nesse sentido é esperado um posicionamento das autoridades que em consonância com os interesses indígenas na intenção de assegurar seus direitos e atendê-los. Já na esfera social, é importante ressaltar o papel da escola em disseminar práticas e aulas na formação de cidadãos mais toleráveis e respeitosos nesse tocante.  Pois, só assim haverá de dizer que alcançará o desenvolvimento pleno e correto afirmando garantias para o povo indígena. E assim impedir que uma nova literatura, se desenvolva na história, que ao contrário do que se imagina, estará tristemente marcada por sangue